Polícia usa gás pimenta para dispersar manifestantes na Geórgia e faz novas detenções
A Geórgia voltou a viver nesta quinta-feira uma noite de protestos contra a designada lei da influência estrangeira. Milhares de manifestantes juntaram-se em frente ao edifício do Parlamento e bloquearam as principais ruas das imediações. A polícia usou gás pimenta para dispersá-los e fez algumas detenções.
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A contestação à nova lei, aprovada na quarta-feira, já dura desde o início de abril. Além da detenção de dezenas de pessoas, as manifestações têm resultado em violentas investidas da polícia sobre as pessoas, o que tem merecido duras críticas da comunidade ocidental, inclusivamente de altos dirigentes da União Europeia. A Geórgia apresentou o pedido de adesão em 2022.
O novo diploma é encarado como uma cópia da legislação que vigora na Rússia para silenciar os opositores. Por esse motivo, há quem lhe chame “lei russa”. A legislação, que foi aprovada em segunda leitura com 83 votos a favor e 23 contra, exige que os órgãos de comunicação social se registem como estando "sob influência estrangeira" se receberem mais de 20% de financiamento do exterior.
E enquanto cresce a condenação dos governos ocidentais à repressão da polícia sobre os manifestantes, o primeiro-ministro, Irakli Kobakhidze, tem também multiplicado ataques a outros países, em particular os Estados Unidos. Inclusivamente, tentou traçar um paralelo entre a ação policial na Geórgia e a ação policial nas universidades dos EUA, onde os estudantes têm feito manifestações contra a guerra em Gaza.
Na manhã desta sexta-feira, Irakli Kobakhidze publicou na rede social X uma declaração em que afirma ter conversado com Derek Chollet, conselheiro do Departamento de Estado dos EUA, a quem expressou a sua “sincera deceção” em relação “às duas tentativas de revolução de 2020-2023 apoiadas pelo ex-embaixador dos EUA” e àquelas “levadas a cabo através de ONG financiadas por fontes externas”.
Outros avisos da comunidade internacional chamam a atenção para o facto de a atual situação na Geórgia fazer perigar os intuitos do país em relação à União Europeia. Numa outra dimensão, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, fez um apelo ao Governo de Irakli Kobakhidze, no sentido de abandonar a controversa lei e de dialogar com os órgãos de comunicação social.