Português suspeito de matar professor do MIT e de tiroteio em Brown encontrado morto

O português Cláudio Neves Valente, de 48 anos, é suspeito de matar o professor do MIT e de um tiroteio na Universidade de Brown
Foto: Providence Police
Um português suspeito de ser o responsável pelo massacre na Universidade Brown e pelo assassinato de um professor, também português, do MIT, foi encontrado morto após buscas das autoridades norte-americanas que duraram vários dias.
O suspeito, Cláudio Neves Valente, era um português de 48 anos que tinha estudado física na Universidade Brown, anunciaram as autoridades em comunicados de imprensa, esta sexta-feira, em Providence e Boston.
A presidente da Universidade Brown, Christina Paxson, disse que Valente esteve matriculado na instituição entre 2000 e 2001, tendo sido admitido na pós-graduação para estudar Física a partir de setembro de 2000. "Não tem nenhum vínculo atual com a universidade", acrescentou.
Valente e o professor português do MIT morto a tiro, Nuno Loureiro, frequentaram o mesmo programa académico numa universidade em Portugal, entre 1995 e 2000. Loureiro, que cresceu em Viseu, formou-se e fez investigação no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
Ainda não foi divulgado o motivo para os tiroteios nas duas das principais universidades dos Estados Unidos.
O corpo do suspeito foi encontrado num depósito em New Hampshire, juntamente com duas armas de fogo. De acordo com o chefe de polícia de Providence, Oscar Perez, o português terá cometido suicídio.
Acredita-se que Neves Valente, residente permanente nos EUA desde 2017, tenha agido sozinho.
"Esta noite, os nossos vizinhos de Providence podem finalmente respirar um pouco mais aliviados", afirmou o "mayor" Brett Smiley aos jornalistas.
A 13 de dezembro, o suspeito invadiu um prédio da Universidade Brown, uma instituição da Ivy League em Rhode Island, onde os alunos faziam provas, e abriu fogo, matando dois e ferindo nove.
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As vítimas foram Ella Cook, vice-presidente da associação do Partido Republicano da Universidade Brown, e Mukhammad Aziz Umurzokov, natural do Uzbequistão, que sonhava em tornar-se neurocirurgião.
Seis dos feridos permaneciam hospitalizados em condição estável, e três já haviam recebido alta, informou a reitora da universidade, Christina Paxson, num comunicado divulgado na noite de quinta-feira.
A 15 de dezembro, Nuno Loureiro, professor de física do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), foi morto a tiros na sua casa em Brookline, na região metropolitana de Boston.
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Durante dias, os investigadores pareciam ter poucas pistas, divulgando imagens de uma pessoa de interesse e de um indivíduo visto próximo a ela, numa tentativa de a localizar.
As autoridades foram dando atualizações diárias à imprensa, nas quais expressavam crescente frustração com a busca infrutífera pelo suspeito.
O caso acabou por ser solucionado graças a um rasto de dados financeiros e imagens de câmaras de vigilância recolhidas nos dois locais do crime.
Uma segunda pessoa, identificada como próxima do suspeito, apresentou-se após a conferência de imprensa de quarta-feira e ajudou "a desvendar" o caso, declarou procurador-geral de Rhode Island, Peter Neronha.
Português tentou esconder o rasto
"O trabalho de base iniciado na cidade de Providence levou-nos a essa conexão", explicou Perez.
Em Boston, a procuradora federal Leah Foley, representante do estado de Massachusetts, explicou como Neves Valente foi "sofisticado ao esconder o seu rasto". O suspeito trocou as placas do veículo alugado e usava um telefone que os investigadores tiveram dificuldade em rastrear, mas, eventualmente, as peças começaram a encaixar.
As autoridades inicialmente detiveram um homem diferente, mas acabaram por o libertar.
A universidade enfrentou vários interrogatórios, inclusive do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre os sistemas de segurança, após ter sido descoberto que nenhuma das 1200 câmaras de segurança estava ligada ao sistema de vigilância da polícia.
Já ocorreram mais de 300 tiroteios em massa nos Estados Unidos este ano, de acordo com o Gun Violence Archive, que define um tiroteio em massa como aquele em que quatro ou mais pessoas são baleadas.
As tentativas de restringir o acesso a armas de fogo ainda enfrentam um impasse político.
"Nada pode trazer paz às vidas que foram destruídas pela violência armada do último fim de semana", disse Paxson, presidente da Universidade de Brown. "Agora, porém, a nossa comunidade tem a oportunidade de seguir em frente e iniciar um caminho de reparação, recuperação e cura."
PJ colabora com autoridades dos EUA
A Polícia Judiciária (PJ) dá conta, através de um comunicado, que "foi ontem contactada e se encontra a prestar colaboração e apoio às autoridades daquele país [EUA], desde o momento inicial em que o suspeito se tornou, para aquelas, alvo de interesse".

