O cenário de sol e praia que atrai tantos turistas às Caraíbas tem dado lugar a uma paisagem devastadora, com a passagem do furacão Irma pela região. Nos EUA, povoações já estão em alerta.
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Bruno Tiago, residente no Porto, está de férias num hotel em Punta Cana com a filha de seis anos, desde segunda-feira. Para já, não vê motivo para alarme mas está preparado para um eventual agravar do estado de tempo na quinta-feira, depois de o Irma entrar em Porto Rico.
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Normalmente, os furacões não atingem a capital da República Dominicana, mas é provável que, quinta-feira, ao deslocar-se para Norte, o olho do Irma passe a cerca de 60 quilómetros de Punta Cana.
Português poderá ser retirado do hotel onde está instalado
No local onde está, Bruno deverá sentir sobretudo chuva, "mas como se trata de um fenómeno natural, não há certezas" quanto ao desfecho, disse ao JN.
Em princípio vamos ter de sair dos quartos
Aquele portuense e restantes hóspedes estão a ser informados acerca do furacão pela gerência do hotel, que já preparou um salão para instalar os turistas, por uma questão de "segurança", caso se registe o pior cenário. "Em princípio vamos ter de sair dos quartos e ir para um salão mas afastado do mar", contou.
A Presidência da República Dominicana emitiu uma ordem de evacuação para as zonas em alerta vermelho devido ao mau tempo. É o caso da região de Altagracia, onde vive o português Alain Sousa, há quatro anos.
Instituições da Republica Dominicana não funcionam como na Europa
"As ordens têm a autoridade que têm", disse Alain Sousa. Muitas pessoas decidiram permanecer em casa, que acham segura, por saberem que o perigo é "maior em zonas mais pobres, com construções mais fracas, perto dos rios" que chegam a subir entre um e dois metros, com as tempestades. Explicou também que, na sua região, deverá passar a parte menos forte do Irma, ressalvando, no entanto, que "até a parte mais frágil de um furacão categoria 5 é forte".
Portugueses desistem de viajar para Punta Cana por causa do furacão
Os estabelecimentos comerciais e alguns hotéis (como é o caso do hotel onde Alain trabalha como gerente) vão fechar esta quinta e sexta-feira. O aeroporto encerra às 14 horas locais (19 horas em Portugal continental), tendo os hospedes estrangeiros sido já aconselhados a abandonar a ilha.
Alguns portugueses que planeavam viajar para Punta Cana disseram ao JN que decidiram não embarcar e, em alguns casos, que foram notificados pela agência de viagens para o encerramento do aeroporto.
Em Punta Cana, os três ou quatro supermercados que há "estão quase vazios", sem comida enlatada, água e lanternas. A preparação para o furacão acontece por iniciativa própria, garante Alain, explicando que "a comunicação social e as instituições oficiais não funcionam como na Europa".
Para já, o grande receio, mais do que a passagem do furacão, é o efeito que pode causar durante muito tempo, devido às inundações. Alguns hotéis com construções mais débeis da Republica Dominicana (a maioria está concentrada em Bavaro) "podem ter de fechar durante meses".
Estado de emergência na Florida
Ainda a recuperar dos traumas do furacão Harvey, que matou mais de 60 pessoas, as autoridades norte-americanas já declararam estado de emergências no estado da Florida. O Irma deve atingir aquela região no fim de semana.
Ao JN, Rui Morgado, natural de Braga e a viver em Londres, de férias com familiares nos EUA, relata como é que a população local se está a preparar para o furacão que está a devastar as Caraíbas. "Toda a gente foi para os supermercados preparar-se para os próximos dias. Já não há água e a comida enlatada é cada vez mais rara", conta.
O transito está mais intenso e as filas para abastecer os carros crescem de dia para dia. "Há pessoas que vão para os supermercados às 3 horas, para guardarem lugar na fila, e tentaram comprar alimentos", explica. O português regressa a casa antes do furacão chegar à Florida, mas a família está a preparar-se para abandonar o estado. "Vão para a Geórgia, para se prevenirem".
Apesar do medo, as pessoas tentam encarar o novo furacão com normalidade. "As comparações com a destruição do Harvey são inevitáveis, mas este, apesar de ser maior, desloca-se a uma velocidade mais rápida", diz o português.