Presidente francês defende alternativas à austeridade para portugueses e espanhóis
O presidente da República francesa, François Hollande, disse esta quarta-feira, em entrevista a vários jornais europeus, que portugueses e espanhóis estão a pagar caro a desregulamentação dos outros e que é preciso dar-lhes alternativas à austeridade.
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Questionado sobre o que diria a um grego no desemprego, ou sem dinheiro para aceder a cuidados de saúde, Hollande afirmou que "fará" tudo para o país permaneça na zona euro, "sem que seja necessário" exigir-lhe mais medidas de austeridade.
"Mas dirijo-me também aos espanhóis e aos portugueses, que estão a pagar cara a desregulamentação que outros levaram a cabo: chegou a altura de oferecer-lhes uma perspetiva para além da austeridade", acrescentou o presidente francês na entrevista conjunta esta quarta-feira divulgada, na véspera do Conselho Europeu.
François Hollande voltou a insistir que "a união orçamental deve ser concluída através de uma mutualização parcial das dívidas, através dos 'eurobonds'".
"Todos participamos na solidariedade, não apenas os alemães! Paremos de pensar que haveria apenas um país a pagar por todos os outros. Isso é falso", acrescentou o presidente francês.
O socialista mostrou-se "de acordo" com a Alemanha a respeito do "problema da monitorização" das ajudas aos países em dificuldades: "Quem paga deve controlar, quem paga deve sancionar", afirmou.
Hollande considerou ainda que "o regresso ao crescimento implica a mobilização de fundos em toda a Europa, mas também a melhoria da competitividade (de todos os países), e a coordenação das (suas) políticas económicas".
O chefe de Estado francês defendeu que os países da zona euro que não são deficitários devem estimular a sua procura interna para ajudar os que atravessam maiores dificuldades e não podem abandonar o rigor orçamental devido à crise das dívidas soberanas.
"Os países excedentários devem estimular a sua procura interna através de um aumento dos salários e de uma diminuição de impostos, é a melhor expressão da sua solidariedade. Hoje, aquilo que nos ameaça é tanto a recessão como os défices", acrescentou.