O Presidente ucraniano, Viktor Ianukovich, disse à oposição que não irá cancelar um assalto policial sangrento sobre a Praça da Independência, o principal ponto de concentração da manifestação antigoverno. Pelo menos 25 pessoas morreram nos confrontos armados, entre estes seis polícias, que se estendem a outros pontos da Ucrânia e já motivaram a reação da comunidade internacional.
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"Ianukovich disse que apenas existe uma opção: evacuar a Praça Maidan [Praça da Independência] e toda a gente tem de ir para casa", disse o líder da oposição Vitali KlitschkoK à televisão independente Hromadske, após um encontro com Ianukovich.
A violência dos confrontos entre ativistas antigoverno e a polícia na capital ucraniana, Kiev, aumentou na terça-feira, com o balanço mais recente a apontar para a existência de 25 vítimas mortais.
O Governo ucraniano contabilizou na terça-feira à noite seis polícias mortos "por ferimentos de bala", segundo o ministro do Interior, que disse que 159 agentes ficaram feridos, 35 dos quais em estado grave.
Quatro manifestantes foram mortos durante o assalto à Praça Maidan, disse à agência France Presse o responsável dos serviços médicos da oposição, Sviatoslav Khanenko.
Segundo a oposição, há pelo menos 150 manifestantes feridos, dos quais 30 com gravidade.
A violência reacendeu-se na terça-feira na Ucrânia, onde os protestos antigoverno duram há cerca de três meses.
O Governo ucraniano fez na terça-feira à tarde um ultimato aos manifestantes da oposição para desmobilizarem das ruas da capital, a que se seguiram assaltos da polícia de choque sobre a Praça da Independência, onde, segundo vários relatos, se concentravam mais de 20 mil pessoas.
Pelo país, ativistas têm também tomado de assalto sedes dos governos regionais e das polícias locais.
Em Lviv, reduto nacionalista e considerada a capital cultural da Ucrânia, os manifestantes invadiram as sedes do governo regional e da polícia e cerca de cinco mil pessoas participaram em ataques unidades militares do exército e apoderaram-se de armas. Há relatos de 30 agentes policiais feridos.
Noutros locais do país ativistas tomaram igualmente edifícios governamentais. Na região de Ternopil (oeste), os manifestantes atiraram "cocktails molotov" sobre a sede regional da polícia, que se incendiou, disse a polícia local. Em Ivano-Frankivsk, também no oeste da Ucrânia, cerca de 50 manifestantes encapuzados invadiram o Governo Regional. As autoridades abriram um inquérito sobre a invasão de edifícios públicos, que prevê penas até seis anos de prisão.
Viktor Pchonka defendeu igualmente que os líderes da Oposição devem "assumir a responsabilidade por aquilo que se passou".
A comunidade internacional, incluindo a União Europeia e a NATO, tem condenado a violência e apelado ao diálogo para ultrapassar a crise política. O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, contactou na terça-feira o Presidente ucraniano, aconselhando-o a retirar as forças de segurança.
O Governo português também já condenou "toda a violência" na Ucrânia e apelou para o "regresso urgente ao diálogo", disse à Lusa fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A crise política na Ucrânia começou em finais de novembro quando milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra a decisão do Presidente de suspender os preparativos para a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia.