O líder do mercernário grupo Wagner falou, pela primeira vez desde a sua marcha que colocou em causa a segurança da Rússia. Yevgeny Prigozhin afirmou numa mensagem de 11 minutos : "Não marchámos para derrubar a liderança da Rússia".
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"O objetivo da marcha era evitar a destruição do grupo Wagner e responsabilizar os funcionários que, através das suas ações não profissionais, cometeram um grande número de erros", apontou Prigozhin, na mensagem que está a ser traduzida pela France-Presse.
O líder militar explicou que a rebelião dos seus homens foi feita para evitar a absorção do grupo pelo Exército russo, explicando que foi dada ordem para recuar, de forma "a evitar derramar sangue dos militares russos".
Prigozhin rejeita ter tentado um golpe de Estado e adiantou que 30 dos seus mercenários morreram em confrontos com militares russos e insistiu que "o objetivo não era derrubar o poder no país", sublinhando que os civis que encontrou durante a rebelião apoiaram a organização paramilitar.
Na declaração áudio, Prigozhin voltou a negar ter tentado atacar o Estado russo e disse que agiu em resposta a um ataque às suas forças que matou cerca de 30 dos seus combatentes.
Prigozhin alertou para o facto de que o avanço dos mercenários Wagner em direção a Moscovo revelou "graves problemas de segurança" na Rússia, lembrando que os seus homens percorreram no sábado 780 quilómetros, "com pouca resistência".
"Começámos a nossa marcha por causa de uma injustiça", disse Prigozhin, que não explicou as circunstâncias em que se deram os confrontos.
Vários desentendimentos entre o líder do Grupo Wagner e as chefias militares russas, que se foram agravando ao longo da guerra, transformaram-se num motim que levou os mercenários a deixarem a Ucrânia na noite de sexta-feira para se apoderarem de um quartel-general militar numa cidade do sul da Rússia.
Após percorrerem sábado centenas de quilómetros em direção a Moscovo, aparentemente sem oposição para além de alguns ataques aéreos a que foram ripostando, os mercenários cessaram a marcha a cerca de 200 quilómetros da capital russa.
O Kremlin afirmou ter feito um acordo para que Prigozhin se mudasse para a Bielorrússia e que fosse amnistiado, juntamente com os seus soldados.
Não houve confirmação do seu paradeiro, embora um canal de notícias russo na rede social Telegram tenha informado que Prigozhin foi visto num hotel na capital bielorrussa, Minsk.
Na mensagem que hoje divulgou, Prigozhin sublinhou que o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, apresentou soluções para permitir que o grupo Wagner continue as suas operações a partir de Minsk.