Abiy Ahmed Ali, primeiro-ministro da Etiópia, venceu o Prémio Nobel da Paz, foi anunciado, esta sexta-feira, em Oslo, pelo Comité Nobel.
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Abiy Ahmed Ali venceu o Nobel da Paz "pelos seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional e, em particular, pela sua iniciativa decisiva de resolver o conflito na fronteira com a vizinha Eritreia", explicou o Comité Nobel. É o 100.º Nobel da Paz a ser atribuído.
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O gabinete do primeiro-ministro da Etiópia congratulou-se e declarou que a nação está orgulhosa. "Estamos orgulhosos como nação", indica a mensagem de divulgação do galardão na rede social Twitter, onde se apela a "todos os etíopes e amigos da Etiópia para continuarem do lado da paz".
Um acordo de paz, assinado no ano passado, pôs fim a quase 20 anos de conflito militar com a Eritreia após a guerra fronteiriça 1998-2000.
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Em comunicado, o júri destaca o "importante trabalho" do primeiro-ministro etíope "para promover a reconciliação, a solidariedade e a justiça social". O prémio também visa reconhecer "todas as partes interessadas que trabalham pela paz e reconciliação na Etiópia e nas regiões leste e nordeste da África", sublinha a nota.
"Abiy Ahmed Ali iniciou importantes reformas que proporcionam a muitos cidadãos a esperança de uma vida melhor e de um futuro melhor", acrescenta o comunicado.
O Comité Nobel acredita que é agora que os esforços de Abiy Ahmed Ali merecem reconhecimento e precisam de incentivo.
Uma Etiópia pacífica, estável e bem-sucedida terá muitos efeitos colaterais positivos
"Quando Abiy Ahmed se tornou primeiro-ministro, em abril de 2018, deixou claro que desejava retomar as negociações de paz com a Eritreia. Em colaboração com Isaias Afwerki, presidente da Eritreia, Abiy Ahmed rapidamente elaborou os princípios de um acordo de paz para encerrar o impasse a longo prazo 'sem paz, sem guerra' entre os dois países", explica a nota.
Segundo o documento, esses princípios estão estabelecidos nas declarações que o primeiro-ministro Abiy e o presidente Afwerki assinaram em Asmara e Jeddah, em julho e setembro.
"Uma premissa importante para o avanço foi a disponibilidade incondicional de Abiy Ahmed para aceitar a decisão da arbitragem de uma comissão internacional de fronteiras em 2002", sublinha o comunicado.
De acordo com a nota, Abiy "passou seus primeiros 100 dias como primeiro-ministro a levantar o estado de emergência do país, a conceder amnistia a milhares de presos políticos, a interromper a censura dos media, a legalizar grupos de oposição proibidos, a demitir líderes militares e civis suspeitos de corrupção e a aumentar significativamente a influência das mulheres na vida política e comunitária da Etiópia". O primeiro-ministro etíope também prometeu fortalecer a democracia, realizando eleições livres e justas.
Após o processo de paz com a Eritreia, segundo a nota, "o primeiro-ministro Abiy envolveu-se em outros processos de paz e reconciliação no leste e nordeste da África".
O Comité Nobel norueguês espera que o Prémio Nobel da Paz fortaleça o primeiro-ministro Abiy no seu importante trabalho de paz e reconciliação.
A Etiópia é o segundo país mais populoso da África e tem a maior economia da África Oriental. "Uma Etiópia pacífica, estável e bem-sucedida terá muitos efeitos colaterais positivos e ajudará a fortalecer a fraternidade entre nações e povos da região. Com as disposições da vontade de Alfred Nobel em mente, o Comité Nobel da Noruega vê Abiy Ahmed como a pessoa que no ano anterior fez o máximo para merecer o Prémio Nobel da Paz em 2019", sublinha o comunicado.
O Nobel, que consiste num diploma, uma medalha de ouro e um cheque de nove milhões de coroas suecas (cerca de 830 mil euros), será entregue em Oslo a 10 de dezembro, aniversário da morte do fundador, o industrial e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896).
Este ano houve 301 candidatos - o quarto valor mais alto de sempre -, numa lista de 223 pessoas nomeadas individualmente e 78 organizações.
A "favorita" das casas de apostas era a ambientalista de 16 anos Greta Thunberg, que mobilizou milhões de jovens em todo o mundo para a defesa do ambiente, tendo lançado, em setembro de 2018, uma "greve escolar" que deu origem ao movimento "Sextas-feiras pelo Futuro". A indicação da ativista foi feita pelo deputado norueguês Freddy André Øvstegård e recebeu apoio de vários países.
Outro dos favoritos era, segundo as casas de apostas, o Papa Francisco, indicado todos os anos desde que assumiu o cargo sucedendo a Bento XVI, em 2013.
O Prémio Nobel da Paz 2018 foi atribuído a dois arautos da luta contra a violência sexual, o ginecologista congolês Denis Mukwege e a ativista yazidi Yazidie Nadia Murad.
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