O primeiro-ministro do Mali apresentou a sua demissão, num ato transmitido, esta terça-feira de madrugada, pela televisão nacional, horas depois de ter sido detido, na sua residência, por militares liderados pelo autor do golpe de Estado.
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"Homens e mulheres preocupados com o futuro da nossa nação, vivemos na esperança de alcançar a paz. É por essa razão que eu, Cheikh Modibo Diarra, estou a resignar ao cargo com todo o meu governo", afirmou o primeiro-ministro no seu discurso, citado pelas agências internacionais, sem especificar os motivos por detrás da sua decisão.
Fontes da polícia e dos serviços de informação do Mali, citadas pela agência norte-americana AP e que falaram sob a condição de anonimato, confirmaram que um grupo de soldados leais ao capitão Amadou Haya Sanogo, o líder do golpe de Estado de março, prendeu Cheikh Modibo Diarra na sua residência, levando-o depois para a sua base militar.
"O nosso país está a atravessar um período de crise. (...) Peço desculpa diante de toda a população do Mali", disse Cheikh Modibo Diarra no discurso dirigido à nação.
Diarra, 60 anos, preparava-se para deixar o país e rumar a Paris e o avião que o levaria à capital francesa já estava pronto para descolar no aeroporto. Contudo, não há informações se a viagem estaria planeada ou se Diarra tentava fugir, após ter recebido pistas de que iria ser detido.
Fontes da segurança, citadas pela AP, indicaram que o primeiro-ministro foi forçado a entrar num carro e levado para o quartel-general de Kati, nos subúrbios situados a norte da capital, Bamaco, a partir de onde foi lançado o golpe militar de março sob as ordens de Sanogo.
Uma fonte da polícia, que estava de serviço na noite de segunda-feira no aeroporto internacional de Bamaco, deu conta de que o avião que iria levar o primeiro-ministro a França foi travado por elementos do grupo "Yérè wolo ton" - que significa os filhos dignos, em língua bambara -, os quais invadiram o aeroporto e efetuou buscas a carros.
O "Yérè wolo ton", descrito como um movimento cívico violento, é alegadamente apoiado pela junta. Em maio, o grupo rompeu um cordão policial junto ao palácio presidencial e, uma vez no interior das instalações, agrediu o presidente Dioncounda Traoré, 70 anos, num ato condenado pela comunidade internacional.