Divulgação de documentos até agora classificados surge na sequência do fim da obrigatoriedade do segredo de Justiça. Nomes de 90 celebridades internacionais aparecem associados ao escândalo sexual que envolveu o multimilionário Jeffrey Epstein.
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A juíza Loretta Preska, do Distrito Sul de Nova Iorque, decidiu, esta quarta-feira, divulgar publicamente centenas de documentos associados ao caso de Jeffrey Epstein, nos quais constam os nomes de mais de 90 personalidades emblemáticas. Entre os nomes agora revelados consta os dos antigos presidentes dos EUA, Bill Clinton e Donald Trump, mas nas próximas semanas, indica a Imprensa norte-americana, deverão surgir mais personalidades e novos detalhes.
Os documentos fazem parte de uma ação judicial por difamação, movida em 2015 por Virginia Giuffre, uma das principais denunciantes de Epstein e da britânica Ghislaine Maxwell. Os ficheiros, refere o jornal britânico "The Telegraph", contemplam o testemunho de Johanna Sjoberg, que foi recrutada aos 20 anos para trabalhar como massoterapeuta do empresário, e afirma ter estado com o príncipe André numa casa em Nova Iorque, em 2001. Sjoberg relatou que, nessa altura, foi apalpada abusivamente pelo duque de Iorque numa festa na casa de Epstein, em Manhattan. As declarações podem agora dar fôlego à acusação feita por Giuffre e podem colocar o irmão de Carlos III entre a espada e a parede, uma vez que sempre desmentiu ter abusado sexualmente da jovem.
Os nomes até agora revelados não são uma surpresa, uma vez que antes já tinham sido apontados por serem de pessoas próximas a Epstein, como é o caso do príncipe André. Contudo, a maioria das personalidades visadas na lista são citadas em meras referências por terem alguma ligação ao multimilionário, não tendo, em grande parte dos casos, cometido qualquer ato ilícito.
É o caso de Bill Clinton, presidente dos EUA de 1993 a 2001, que tem tentado afastar-se do mediatismo do caso, tendo esclarecido que a sua única associação a Epstein apenas se deve ao facto de ter viajado no jato privado do magnata para se deslocar a África para missões humanitárias. No entanto, Johanna Sjoberg testemunhou que Epstein lhe contou que o ex-líder da Casa Branca "gosta delas jovens, referindo-se às meninas". Confrontados com as memórias da vítima de Epstein, os representantes de Clinton remeteram para uma declaração de 2019, na qual o democrata referia não ter conhecimento sobre os esquemas sexuais em que o empresário estava envolvido.
Johanna Sjoberg também fez revelações que envolvem Donald Trump. A testemunha no caso do escândalo disse que, durante uma viagem de avião com Epstein, foi feita uma paragem não prevista em Atlantic City, Nova Jérsia, em que o multimilionário terá dito: “Ótimo, vamos telefonar ao Trump”, contou, recordando que o empresário sugeriu que visitassem o casino do magnata norte-americano. No entanto, os ficheiros agora divulgados não contemplam qualquer acusação contra o republicano.
Na lista, surge ainda o nome da atriz Cate Blanchett, do ator Leonardo DiCaprio, da modelo Naomi Campbell e do cantor Michael Jackson.
Epstein foi detido em julho de 2019, acusado de abusar sexualmente e traficar dezenas de raparigas, algumas delas menores de idade, no início dos anos 2000. O multimilionário suicidou-se na cela da prisão, em Nova Iorque, em agosto do mesmo ano, enquanto aguardava julgamento. A sua companheira, Ghislaine Maxwell, que também estava ligada ao esquema de tráfico sexual, foi condenada a 20 anos de prisão, encontrando-se a cumprir pena.