Jeff Sessions, nomeado por Donald Trump para próximo Procurador-Geral dos Estados Unidos, defende que a prisão de Guantánamo, em Cuba, deve continuar a ser usada para albergar suspeitos de terrorismo capturados no estrangeiro.
Corpo do artigo
Jeff Sessions considerou, esta terça-feira no Senado, numa audição de confirmação para o cargo, que o local "é seguro" e não deve ser encerrado, como pretendia o presidente cessante, Barack Obama.
O nomeado, atualmente senador pelo Alabama, disse por outro lado não apoiar a proibição de entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, proposta por Donald Trump durante a campanha para as presidenciais de novembro.
Jeff Sessions afirmou que não hesitará em "dizer não" a Trump se considerar que este se está a exceder
Após a eleição, Trump mudou o discurso nesta matéria, defendendo antes uma suspensão temporária da imigração de uma lista de países, que não especificou, com ligações ao terrorismo, embora tenha mantido a proibição da entrada de muçulmanos em lugar destacado da sua página na internet.
"Não apoio a ideia de que os muçulmanos devem ser impedidos de entrar nos Estados Unidos", disse Jeff Sessions na audição nio Senado.
Sobre outro dos temas que marcaram a campanha presidencial norte-americana, como a afirmação de Donald Trump de que, a ser eleito, ordenaria uma investigação judicial à candidata democrata, Hillary Clinton, Jeff Sessions afirmou no Senado que recusaria fazê-lo.
Questionado pelo presidente da comissão judicial do Senado, Charles Grassley, o senador do Alabama respondeu: "A ação correta seria recusar". E acrescentou: "este país não castiga os inimigos políticos, este país garante que ninguém está acima da lei".
Procurador-Geral deve estar "comprometido com o respeito da lei" e ser fiel à Constituição
Noutro passo da audição, Jeff Sessions afirmou que entende as suas futuras funções como "um contrapeso" à administração, assegurando que não hesitará em "dizer não" a Trump se considerar que este se está a exceder.
Sublinhando a independência inerente ao cargo, Sessions afirmou que um Procurador-Geral deve estar "comprometido com o respeito da lei" e ser fiel à Constituição. "Ele ou ela deve estar disposto a dizer 'não' ao presidente se se exceder, não deve ser alguém que autoriza sem questionar".
O senador aproveitou também a audição para negar veementemente alegações de racismo de que foi alvo quando foi nomeado para o Senado, em 1996, afirmando tratar-se de "acusações falsas" e constituem uma "caricatura injusta".
Sessions foi acusado de em 1996 chamar "boy" a um advogado negro, utilizando um termo historicamente conotado com a escravatura, e de fazer comentários depreciativos sobre a União Americana para as Liberdades Civis (ACLU, American Civil Liberties Union).