Centenas de ativistas percorreram, este domingo, as principais ruas do centro de Oslo, Noruega, numa marcha de protesto contra a atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia.
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O protesto, que contou com a presença de representantes de cerca de 50 organizações, realizou-se na véspera da cerimónia de entrega do Nobel da Paz à UE, que decorrerá na capital da Noruega (país que não é membro da UE).
Segurando tochas, os manifestantes percorreram as principais ruas do centro de Oslo, gritando palavras de ordem, agitando bandeiras e exibindo tarjas.
O protesto, que decorreu de forma pacífica e sob escolta policial, terminou em frente ao Parlamento norueguês.
"Não acreditamos que a UE seja uma digna vencedora do Prémio Nobel da Paz 2012", disse à Lusa Adam Reiremo, líder dos Jovens Socialistas na Noruega.
Adam Reiremo afirmou que, "desde o início da União Europeia, os países europeus participaram, pelo menos, em 10 guerras na Europa", dando como exemplo os conflitos no Kosovo e na Sérvia, e continuam a participar em conflitos internacionais, nomeadamente no Afeganistão.
Uma opinião partilhada por Hedda Langemyr, do Conselho de Paz Norueguês, que disse à Lusa a UE "está a facilitar o desenvolvimento da indústria de armamento e a exportação de armas nos seus Estados-membros através de diferentes estruturas".
Por estes motivos, Hedda Langemyr qualifica a UE como uma "união militarizada".
O Comité Nobel norueguês atribuiu o Nobel da Paz à UE pelo seu contributo para a paz e a reconciliação, a democracia e os direitos humanos.
A escolha suscitou polémica, numa altura em que a UE enfrenta uma crise financeira que tem vindo a testar o espírito de solidariedade entre os países ricos do norte da Europa e os estados do sul endividados, submetidos a programas de austeridade.
O prémio será entregue, na segunda-feira, em Oslo, ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, em conjunto com os presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Parlamento Europeu, Martin Schulz.
A cerimónia de entrega do Nobel da Paz contará com a presença de alguns líderes europeus, entre os quais o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, o Presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel. Um dos grandes ausentes será o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
O Prémio Nobel da Paz é constituído por um diploma, uma medalha de ouro e um cheque de 930.000 euros, verba que a UE já anunciou que vai doar a projetos de apoio a crianças vítimas da guerra e de conflitos armados.
A UE é a vigésima primeira organização internacional a receber o prémio desde 1901.