O PSOE vai negociar, esta terça-feira, com a restante esquerda um acordo "in extremis" que permita ao seu secretário-geral, Pedro Sánchez, submeter-se a uma nova sessão de investidura no parlamento espanhol.
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O líder dos socialistas espanhóis, Pedro Sánchez, será recebido esta tarde pelo Rei Felipe VI, naquela que é considerada a última reunião com o Chefe de Estado antes do final do prazo para dissolução das Cortes Gerais de Espanha (2 de maio) e consequente nova eleição a 26 de junho.
Para que o monarca o convide a formar governo, Sánchez pretende apresentar-lhe um acordo com a esquerda que lhe garanta mais do que os 131 votos (90 do PSOE, 40 do Ciudadanos e um da Coligação Canárias) que obteve na sessão de investidura do mês passado, na qual o seu nome foi chumbado (essencialmente pelo "não" do PP - direita, no poder - e do Podemos - esquerda radical).
A última esperança dos socialistas começou a formar-se hoje de manhã quando uma das confluências regionais do Podemos, o Compromís (da Comunidade Valenciana), anunciou que tinha enviado ao PSOE e à restante esquerda um "acordo de mínimos", denominado "Acordo do Prado", na qual apresentava 30 propostas para um governo à esquerda: com a Izquierda Unida (comunistas), Podemos e PSOE.
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O porta-voz do PSOE - partido que já tem um acordo com o Ciudadanos (centro-direita) - anunciou que a formação socialista aceita desde logo 27 das 30 propostas e contrapõe que se pode negociar as outras três.
Para começar, o PSOE não aceita um governo de coligação de esquerda - mas aceita um governo liderado por Pedro Sánchez, que integre independentes da esquerda e do Ciudadanos. Também se compromete a que Pedro Sánchez, no âmbito desse governo, aceite submeter-se a uma moção de confiança dentro de dois anos.
De acordo com Hernando, para aceitar este acordo o PSOE põe três exigências. A primeira é que todas as formações signatárias se comprometam a aceitar e apoiar dois Orçamentos do Estado "dando assim estabilidade a esse governo". A segunda é que o governo "seja do PSOE, com a incorporação de independientes" e a terceira é "o compromisso voluntário de Pedro Sánchez de se submeter a uma moção de confiança em junho de 2018".
Já o documento enviado pelo Compromís, que apela a que se alcance um "Acordo do Prado" contém 30 medidas "para a mudança" divididas em cinco blocos: emergência social, regeneração democrática, direitos sociais, novo modelo económico e reforma da administração.
Trata-se de grandes linhas de ação, sem pormenores ou verbas, mas incluem um ponto que permite o acordo com o PSOE: ao abordar o tema da independência da Catalunha, sai a ideia expressa de referendo pela autodeterminação.
Neste documento, o ponto sobre a Catalunha fala agora apenas de "abordar as crises territoriais do Estado a partir de uma perspetiva democrática", ou seja, não exige expressamente uma consulta aos catalães.
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No entanto, mantém um veto à entrada do Ciudadanos no governo e continua a exigir um governo de coligação, uma das exigências do Podemos.
A ideia base de todas estas formações é que se evitem novas eleições, para as quais as sondagens indicam que o PP e o Ciudadanos são os únicos partidos que mantêm ou aumentam a sua votação. As intenções de voto, aliás, indicam que a situação política em Espanha não se altera substancialmente com uma nova votação, mas com a possibilidade de o Podemos (em conjunto com a Izquierda Unida) ultrapassarem o PSOE no segundo posto.
O PSOE apelou ainda ao Podemos e ao Ciudadanos que se juntem a este acordo, considerando que as suas cláusulas não entram em choque com o documento assinado com a formação de Albert Rivera.
Ainda esta terça-feira o rei Felipe VI recebe o secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, o secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, e o presidente do PP e presidente do Governo em funções, Mariano Rajoy.