O presidente russo, Vladimir Putin, pediu este sábado autorização ao Senado a aprovação do uso de tropas russas na Ucrãnia. Algumas horas antes, os líderes das duas câmaras do Parlamento tinham-se manifestado favoráveis a essa intervenção.
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A Rússia poderá enviar soldados para a Crimeia para garantir a segurança da frota russa do mar Negro e cidadãos russos na península do sul da Ucrânia, disse já este sábado a presidente do Senado russo, Valentina Matvienko. Uma declaração no mesmo sentido veio da câmara baixa, a Duma, cujo presidente pediu a Vladimir Putin para "proteger por todos os meios" a população da Crimeia.
"Para responder ao pedido do governo da Crimeia, é possível, nesta situação, enviar um contingente limitado (de tropas) para garantir a segurança da frota do mar Negro e dos cidadãos russos que vivem na Crimeia", declarou Valentina Matvienko, citada pela agência Ria Novosti.
A presidente da câmara alta do parlamento russo, a terceiro figura da Rússia depois do presidente e do primeiro-ministro, sublinhou que a decisão cabe "evidentemente" ao presidente Vladimir Putin. "Mas olhando para a situação atualmente, tal cenário não pode ser excluído. Temos de proteger as pessoas", insistiu.
Também a câmara baixa do Parlamento russo se manifestou no mesmo sentido, pedindo ao chefe de Estado, Vladimir Putin, para "proteger por todos os meios" a população da Crimeia na península ucraniana pró-russa, anunciou o presidente, Serguei Narichkine.
"Os deputados apelam ao presidente que tome medidas para estabilizar a situação e proteger, por todos os meios, a população contra a arbitrariedade e a violência na Crimeia", declarou o presidente da Duma, a propósito do território do Sul da Ucrânia, onde a maioria que fala russo se opõe à nova autoridade de Kiev.
"Soubemos hoje, com preocupação, que houve tentativas de grupos armados de entrar em diferentes lugares, em particular de invadir o ministério do Interior regional da Crimeia", acrescentou.
Também este sábado, o novo primeiro-ministro da Crimeia, Sergiy Aksionov, pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, para ajudar a restaurar "a paz e a calma" naquela república autónoma pró-Moscovo.
A Ucrânia denunciou na sexta-feira uma "invasão armada" russa, com mais de dois mil soldados, na Crimeia, península do sul do país onde se fala russo, região que tem sido afetada por tensões separatistas e que abriga a frota da Rússia do Mar Negro.
O ministro da Defesa ucraniano, Igor Teniukh, afirmou este sáabdo que a Rússia começou a enviar na sexta-feira reforços militares, seis mil soldados e 30 veículos blindados, para a Crimeia, península ucraniana pró-russa que tem sido alvo de tensões separatistas. Os reforços foram enviados "sem aviso ou permissão da Ucrânia, num desafio ao princípio da não-violação das fronteiras do Estado", disse.
O presidente ucraniano interino, Oleksandr Turchinov, já pediu ao líder russo, Vladimir Putin, para "terminar imediatamente a sua agressão ostensiva e retirar os seus militares da Crimeia".
O Governo de Kiev pediu também o apoio do Conselho de Segurança da ONU para travar a crise na península da Crimeia e defender a sua integridade territorial, mas avisou que tem capacidade para se defender de agressões.
Entretanto, o serviço dos guardas-fronteiriços ucraniano informou que a sua sede na cidade de Sebastopol, na Crimeia, estava hoje cercada por cerca de 300 homens que se declaravam mandatados pelo ministro da Defesa russo, Seguei Choigou.
"O líder do grupo disse que houve ordens do ministro da Defesa russo para ocupar este posto naval", indica o serviço num comunicado, adiantando que os homens em causa têm "uniformes de combate".