O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sugeriu esta sexta-feira que se estabeleça uma "administração transitória" na Ucrânia sob a tutela da ONU para organizar uma eleição presidencial "democrática" e negociar depois um acordo de paz com as novas autoridades de Kiev.
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No âmbito das negociações lideradas pelos Estados Unidos para tentar acabar rapidamente com mais de três anos de conflito, Vladimir Putin revela a proposta de uma "administração transitória" na Ucrânia sob a tutela da ONU, ao mesmo tempo que diz que as tropas russas "tomam a iniciativa" em toda a frente de batalha e expressa confiança em "acabar" com o exército ucraniano.
As declarações durante uma visita a Murmansk, no noroeste do país, aconteceram após uma semana de contactos diplomáticos dos Estados Unidos com delegações dos dois países na Arábia Saudita.
"Poderíamos discutir com os Estados Unidos, até mesmo com países europeus e, claro, com nossos parceiros e amigos, sob a tutela da ONU, a possibilidade de estabelecer uma administração transitória na Ucrânia", declarou Putin.
"Para fazer o quê? Para organizar uma eleição presidencial democrática que resultaria na chegada de um governo competente e que teria a confiança do povo. Depois, para iniciar com estas autoridades negociações sobre um acordo de paz e assinar documentos legítimos", acrescentou.
O chefe de Estado da Rússia assegurou que "no âmbito das atividades de manutenção da paz da ONU, já se recorreu diversas vezes a uma administração transitória".
Após as reuniões na Arábia Saudita, o governo dos Estados Unidos anunciou na terça-feira um acordo para conter as hostilidades no Mar Negro, mas a Rússia posteriormente estabeleceu condições, como o fim das sanções ocidentais contra Moscovo.
Reunidos na quinta-feira em Paris, os aliados europeus de Kiev descartaram o fim das sanções contra Moscovo e também discutiram possíveis "garantias" de segurança para a Ucrânia, embora sem um consenso sobre o eventual envio de tropas de manutenção da paz.
No encontro durante a madrugada com militares russos em Murmansk, Putin destacou ainda que as suas tropas "têm a iniciativa estratégica" em toda a linha de frente. "Há motivos para pensar que vamos acabar com eles", afirmou.
"Estamos a avançar progressivamente, talvez não tão rápido quanto gostaríamos, mas com insistência e certeza, para alcançar todos os objetivos anunciados" no início da ofensiva em fevereiro de 2022, assegurou.
A Rússia justificou a invasão com a necessidade de "desmilitarização" e "desnazificação" da Ucrânia, cujas aspirações de integrar a NATO são consideradas como uma ameaça por Moscovo.