Quatro pessoas morreram, este sábado, em Santa Elena de Guairen, na fronteira da Venezuela com o Brasil, segundo a ONG Foro Penal, que monitoriza a violência no país.
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"Fomos informados que coletivos atiraram contra as pessoas na fronteira, e a situação é grave", disse o diretor da organização não-governamental, Alfredo Romero, citado pelo "The Washington Post". Haverá ainda 24 feridos.
O deputado venezuelano Juan Andrés Mejía confirmou, em nome da Assembleia Nacional, a morte de quatro pessoas: "O que acontece na fronteira com o Brasil não é uma repressão comum (...) É um massacre contra o povo indígena Pemón, onde contamos com quatro pessoas mortas e mais de 20 feridos por balas".
Camiões com ajuda humanitária incendiado
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Depois de Juan Guaidó ter anunciado a entrada do primeiro carregamento de ajuda humanitária no país, pelo menos dois dos quatro camiões que estavam em solo venezuelano foram incendiados, na ponte Francisco de Paula Santander, junto à fronteira com a Colômbia, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), que citou uma deputada da oposição a Maduro.
O fotojornalista Marco Bello, da agência Reuters, captou imagens que mostram os camiões em chamas e dezenas de pessoas a tentarem recuperar caixas com ajuda humanitária.
O autoproclamado presidente interino da Venezuela também deu conta do caso, no Twitter, acusando o "regime usurpador" de perpetrar os "atos mais desprezíveis". "Os nossos corajosos voluntários estão a fazer uma corrente para protegerem alimentos e medicamentos. A avalanche humanitária é imparável", rematou, aludindo às dezenas de pessoas que retiraram caixas de ajuda humanitária do camião.
De acordo com a "TV Venezuela Noticias", que exibiu imagens em direto do local fronteiriço, o incêndio foi provocado por militares da Guarda Nacional Bolivariana.
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285 feridos em confrontos na fronteira com a Colômbia
Militares venezuelanos lançaram bombas de gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes que tentavam chegar à ponte Simón Bolívar, em San Antonio Táchira (este), na fronteira com a Colômbia, para exigir a entrada de ajuda humanitária. De acordo com o governo colombiano, 285 pessoas ficaram feridas nos confrontos.
60 polícias e militares desertaram
Segundo a AFP, a deserção de major-general Hugo Parra Martinez, junto à fronteira com a Colômbia, fez subir para 60 os polícias/militares que abandonaram Maduro e chegaram ao país fronteiriço. O anúncio foi feito pela autoridade migratória, no meio de uma escalada de tensões provocada pela entrada de camiões com ajuda humanitária na Venezuela.
Maduro corta relações com a Colômbia
"Decidi romper todas as relações políticas e diplomáticas com a Colômbia. Não se pode aceitar que continuem a disponibilizar o território colombiano para provocações contra a Venezuela", disse o presidente venezuelano, em Caracas, perante milhares de simpatizantes que, este sábado, marcharam em defesa da revolução bolivariana.
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"Todos os embaixadores e cônsules da Colômbia têm 24 horas para sair da Venezuela", frisou.
Segundo Nicolás Maduro, a pretexto da ajuda humanitária que a oposição do país está a tentar fazer entrar no país, está em curso um golpe promovido pela direita da Venezuela com o apoio internacional, mas que foi derrotado pela "união cívil-militar" nacional.
"Estou a avaliar o que fazer com a nossa fronteira, porque não vamos tolerar isso. Vocês sabem que não temo nada. Não me treme o pulso", garantiu.
A rutura de relações tem lugar depois de o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, ter acusado os EUA e a Colômbia de violarem a Carta das Nações Unidas.
"Os Governos dos EUA e da Colômbia violaram praticamente todos os princípios e propósitos da carta da ONU. A comunidade mundial está a vê-los e não sei se a ONU vai tomar as ações correspondentes", escreveu o governante na sua conta da rede social Twitter.