Quatro trabalhadores de uma empresa estatal de limpeza pública e recolha de lixo de Luanda morreram atropelados na terça-feira, quando se encontravam ao serviço no município de Viana.
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Este incidente, de contornos ainda não totalmente conhecidos e que provocou vários feridos entre os trabalhadores da "Logistics Solutions", acontece precisamente numa altura em que o Governo Provincial de Luanda tenta mobilizar as várias empresas de limpeza para acabar com a atual "crise do lixo" por recolher na capital.
"Quis a crueldade do destino que este trágico acidente tivesse lugar num momento em que estamos todos empenhados em encontrar soluções para a normalização da recolha do lixo na província de Luanda, cujo contributo destes valentes trabalhadores era tido em conta", reconhece o Governador Provincial de Luanda, Graciano Domingos.
Aquele governo provincial lançou hoje, precisamente em Viana, um conjunto de operações de grande escala para recolha de resíduos sólidos nos vários municípios, de forma a travar a crise do lixo que afeta Luanda.
Mais de 40 mil toneladas de resíduos sólidos estão por recolher na capital angolana, segundo informação da estatal Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (Elisal).
Na origem do problema está o novo modelo de recolha do lixo, introduzido pelo governo provincial em agosto e que financeiramente desagradou às operadoras privadas, levando ao seu progressivo abandono.
A situação está a motivar fortes protestos da população e campanhas nas redes sociais, devido ao avolumar do lixo por recolher em praticamente todos os municípios da capital angolana, onde vivem 6,5 milhões de pessoas.
Passou a ser comum a utilização de queimadas, em plena rua, por parte dos populares, para assim assegurar a destruição dos resíduos e travar a propagação de doenças, o principal receio face ao arrastar da situação.
O próprio Governo Provincial de Luanda admite que se assiste "ao abandono do sistema municipal de limpeza por parte de várias operadoras", mas garante que com esta "concentração de meios técnicos e humanos" numa única frente e "de forma coordenada" será possível "normalizar a situação".