A presidente do governo provisório do Quirguistão, Roza Otunbaeva, pediu oficialmente ajuda militar a Moscovo para controlar a violência no sul do país, admitindo que a situação está a ficar fora de controle.
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“Enviei uma carta ao presidente Dmitri Medvedev a solicitar a intervenção de forças de uma terceira parte”, afirmou Roza Otunbaeva citada pela agência quirguiza AKI. A chefe do governo admitiu ainda que “os acontecimentos na cidade de Och têm uma grande dinâmica e a partir de ontem a situação saiu das margens”.
Mulheres e crianças de etnia uzbeque tentam deixar a cidade de Och, em direcção à fronteira com o Uzbequistão. Testemunhas locais dizem que há ruas inteiras a arder, e vêem-se colunas de fumo sobretudo dos bairros habitados predominantemente por uzbeques.
O balanço de vítimas, segundo os dados oficiais, é de 62 mortos e cerca de 800 feridos, mas há testemunhas que afirmam que a realidade é bem pior.
“Nalgumas casas, apartamentos e mesquitas os corpos jazem no chão e não há ninguém para os recolher”, comentou uma testemunha ocular à agência Interfax.
As ambulâncias não conseguem chegar aos feridos por haver estradas barricadas e houve alguns casos em que as equipas médicas foram agredidas e as ambulâncias incendiadas.
O serviço de Imprensa do governo russo confirmou que tinha havido um telefonema, durante a noite de ontem, entre o primeiro-ministro, Vladimir Putin e Roza Otunbaeva, para debater a situação que se criou em Och.
Segundo o executivo russo, os militares que se encontram na base aérea russa de Kant, no norte do Quirguistão, não vão intervir porque “eles têm uma tarefa bem específica”.
Roza Otunbaeva diz que no momento actual se está a decidir se a intervenção se deve fazer sob a égide da Organização do Acordo de Defesa Colectiva, ou da Organização de Colaboração de Xangai. A primeira inclui um grupo relevante de países da ex-URSS enquanto que a segundo inclui a China, além da Rússia e vários países da Ásia Central.