O rapper Prakazrel "Pras" Michel foi considerado culpado, na quarta-feira, de 10 acusações, incluindo corrupção, relacionadas com uma conspiração internacional que atingiu os níveis mais altos do governo dos EUA.
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Michel, de 50 anos, foi considerado culpado de conspiração para defraudar os EUA, adulteração de testemunhas e agir como agente não registado de um governo estrangeiro.
Segundo os procuradores norte-americanos, citados pela "Associated Press", o artista vencedor de um Grammy e ex-membro dos Fugees terá recebido mais 100 milhões de dólares (equivalente a mais de 90,8 milhões de euros) do multimilionário malaio Jho Low, para influenciar a política dos EUA. Michel também foi condenado por exercer influência em favor do governo chinês.
Ainda não há data de sentença, mas Michel arrisca uma pena de até 20 anos de prisão. De acordo com a BBC, o advogado, David Kenner, expressou desapontamento com o veredicto, acrescentando que vai recorrer da decisão.
Tentou parar investigação a esquema de lavagem de dinheiro
A defesa argumentou que o rapper queria ganhar dinheiro e recebeu maus conselhos jurídicos ao reinventar-se no mundo da política. Já Michel, que testemunhou no julgamento, disse que Low queria uma fotografia com Barack Obama em 2012 e estava disposto a pagar milhões de dólares por ela. Michel concordou em ajudar e usou parte do dinheiro para pagar a amigos para participar em eventos de angariação de fundos. O artista disse que não sabia que isso era ilegal. Por sua vez, os procuradores alegaram que Michel canalizou mais de 800 mil dólares (726 mil euros) para a campanha de Obama.
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Os procuradores defendem que o rapper também atuou durante o mandato de Donald Trump. Depois da eleição de Trump, Michel usou milhões de euros para interromper uma investigação sobre as alegações de que Low planeou um esquema de lavagem de dinheiro e suborno que roubou milhares de milhões do fundo de investimento estatal da Malásia, conhecido como 1MDB. Acredita-se que Low, que é um fugitivo internacional e que alega inocência, esteja na China.
Michel também foi pago para tentar persuadir os EUA a extraditar para a China Guo Wengui, um crítico do governo suspeito de crimes no país sem se registar como agente estrangeiro. Por sua vez, Michel testemunhou que tentou ajudar Low a arranjar um advogado nos EUA e só falou de Guo às autoridades porque achou que era um criminoso. Desde então, Guo foi detido e acusado pelo Departamento de Justiça de fraudar investidores num caso não relacionado.