Refugiada ucraniana: "Somos como pétalas agarradas a uma flor, a família europeia"
Vários cidadãos ucranianos, entre eles refugiados e deputados do Parlamento da Ucrânia, estiveram esta sexta-feira na quarta sessão plenária da Conferência sobre o Futuro da Europeia (CoFoE), em Estrasburgo. A iniciativa da União Europeia, que decorre este fim de semana, pretende dar voz e poder de intervenção aos cidadãos para recomendar legislação às instituições.
Corpo do artigo
Bozhena Boriak foi a primeira a intervir: pegou na fotografia da filha a atravessar a fronteira com uma flor na mão e contou a sua jornada desde o dia 24 de fevereiro, quando a Ucrânia foi invadida pelas tropas russas. Ambas fugiram do país, o marido por lá ficou. "A minha filha pegou nesta flor e disse-me: 'somos como pétalas'", recordou à audiência do Parlamento Europeu. No hemiciclo, além de dezenas de cidadãos europeus, estavam também deputados e governantes de vários Estados-membros, representantes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia.
1502305669063626754
"Somos como pétalas agarradas a uma única flor, a família europeia", repetiu mais uma vez. "Parte do nosso combate também é vosso", acrescentou. Durante a semana, o Parlamento Europeu recebeu vários cidadãos da Ucrânia, entre políticos e membros da sociedade civil, que apelaram à União Europeia para que intervenha no espaço aéreo ucraniano, aumente as sanções e não vacile perante o regime do presidente russo Vladimir Putin.
O início da quarta sessão plenária da Conferência sobre o Futuro da Europa, durante o horário da manhã, ficou marcado pelo minuto de silêncio em memória das vítimas da guerra da Ucrânia. "Que elas nunca sejam esquecidas", disse Guy Verhofstadt, eurodeputado belga e membro do Conselho Executivo da CoFoE.
1502262359196413954
Também Anna Shchekatunova fugiu da Ucrânia. Veio de Donbass, a região separatista em território ucraniano, que foi reconhecida como independente pelo governo russo. "Não me atacaram [os separatistas] porque eu falava russo", disse no Parlamento Europeu. "É uma guerra contra o mundo civilizado no seu todo. Putin está a usar a Ucrânia como um palco", defendeu.
À distância, em Kiev, capital da Ucrânia, Dmytro Sherembey interveio por videoconferência. "Em Estrasburgo podem dormir em paz, aqui temos de recolher as pessoas e explicar as mortes que acontecem", afirmou. O ucraniano diz que, neste momento, "o céu significa morte em Kiev". "Uma morte impiedosa", acrescentou.
Maria Mezentseva, deputada do Parlamento ucraniano, esteve durante esta semana em várias ações em Estrasburgo, França. Muitas ao lado de Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu. "Nunca pensei que, quando estive aqui há dez anos como estagiária, iria voltar para falar de uma guerra", referiu. O membro do partido ucraniano "Servo do Povo" concluiu que "a guerra é atroz". "Temos de lhe pôr fim".