No dia da quarta ronda de negociações por videoconferência, as forças russas atacaram em Kiev, Kharkiv e na região de Rivne, continuando a aumentar o número de vítimas civis que, estima a ONU, é muito superior ao confirmado. Em Mariupol, verificou-se hoje o tão esperado cessar-fogo. Eis os pontos-chave do 19.º dia da guerra na Ucrânia.
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- Um prédio residencial em Obolun, no norte de Kiev, foi atingido por um ataque aéreo russo. Uma pessoa morreu, várias ficaram feridas e 63 foram resgatadas do edifício. A ofensiva aconteceu ao amanhecer, horas antes de ucranianos e russos retomarem as negociações. Veja aqui as imagens da destruição. Também na capital, a fábrica de aeronaves Antonov foi bombardeada por forças russas, anunciou a Autarquia de Kiev esta segunda-feira de manhã. Pelo menos duas pessoas morreram e sete ficaram feridas.
- Pelo menos nove pessoas morreram e outras nove ficaram feridas num ataque aéreo contra uma torre de televisão na região de Rivne, no norte da Ucrânia. "Ainda há pessoas sob os escombros", lamentou o governador Vitaliy Koval, numa publicação citada pela agência Reuters.
- Um míssil explodiu na cidade de Donetsk, autoproclamada república popular pró-Rússia, matando 20 civis. As autoridades russas acusaram o lado ucraniano da autoria do ataque, mas o porta-voz militar ucraniano, Leonid Matyukhin, disse que o míssil, que carregava uma ogiva de estilhaços, era na verdade um foguete russo. As alegações de ambas as partes não puderam ser confirmadas.
- O autarca de Kharkiv indicou que a cidade está sob constante ataque das forças russas, avançou a agência Reuters. Falando na televisão nacional, Ihor Terekhov disse que as tropas invasoras voltaram a abrir fogo, causando um número não especificado de vítimas.
- Mais de 160 carros partiram hoje de Mariupol para a cidade de Zaporizhzhia, naquela que foi a primeira tentativa bem-sucedida de retirar civis da cidade ucraniana cercada. Ao fim de vários dias de tentativas frustradas de entregar suprimentos a Mariupol e fornecer passagem segura para civis, as autoridades locais confirmaram que estava em curso um cessar-fogo para permitir a evacuação.
- "Foi feita uma pausa técnica nas negociações até amanhã. Para trabalho adicional nos subgrupos de trabalho e esclarecimento de definições individuais. As negociações continuam...", anunciou Mykhailo Podoliak, negociador e conselheiro do presidente da Ucrânia, neste que foi o quarto dia de negociações, por videoconferência.
- "Quase todos" os avanços russos na Ucrânia "permanecem paralisados", disse um alto funcionário da defesa dos Estados Unidos, citado pela CNN. O responsável detalhou que as forças russas que se deslocam para Kiev não progrediram de forma considerável durante o fim de semana, mas observou que os EUA acreditam que a Rússia está a tentar outras estratégias. O chefe da Guarda Nacional russa, Viktor Zolotov, admitiu que o progresso está a ser mais lento do que o esperado, alegando haver forças ucranianas de extrema-direita escondidas atrás de civis - uma acusação repetidamente feita pela Rússia.
- A Rússia negou relatos de que pediu equipamento militar à China, alegando que tem capacidade militar suficiente para cumprir os objetivos na Ucrânia sem a necessidade de ajuda de Pequim. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as tropas russas podem assumir o controlo total de "grandes centros populacionais".
- Dirigindo-se à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, disse que as forças russas estão a "comportar-se como terroristas" e que Putin iniciou uma "guerra em grande escala" no centro da Europa que pode "se tornar uma terceira guerra mundial". Acusou também a Europa de escolher "durante anos o caminho de pacificar o agressor" em vez de "defender os valores da democracia, do Estado de direito e dos direitos humanos".
- A decisão de Vladimir Putin de ordenar que as forças nucleares russas sejam colocadas em alerta máximo é um "desenvolvimento de arrepiar os ossos", considerou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, anunciando a alocação de mais 40 milhões de dólares (36,4 milhões de euros) para a assistência vital aos "mais vulneráveis" e afetados pela guerra.
- Balanço de vítimas: a guerra na Ucrânia provocou, desde 24 de fevereiro até ao final do dia de domingo, pelo menos 636 mortos e 1125 feridos entre a população civil, anunciou, esta segunda-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos da ONU, contabilizando 46 crianças mortas e 62 feridas. "A maioria das baixas civis registadas foi causada pela utilização de armas explosivas com uma vasta área de impacto, incluindo bombardeamentos de artilharia pesada e sistemas de mísseis, e ataques aéreos e de mísseis", indicou a agência da ONU, que acredita que os números reais de vítimas sejam muito superiores, especialmente em território controlado pelo Governo ucraniano. O gabinete do procurador-geral ucraniano elevou para 90 o número de crianças mortas e para mais de 100 as que ficaram feridas.
- Balanço de refugiados: De acordo com a Organização Internacional para as Migrações da ONU, mais de 2,8 milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde o início da guerra. Segundo a UNICEF, o conflito está a ter um "impacto devastador" em mais de 7,5 milhões de crianças.