O cidadão ruandês Léon Mugesera, acusado no seu país de origem de ter incitado ao genocídio da etnia Tutsi em 1994, conseguiu adiar a sua ordem de deportação do Canadá.
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Mugesera deveria ser esta quinta-feira deportado para o Ruanda, mas ontem [quarta-feira] uma série de eventos conduziram a que ficasse ainda no Canadá.
Esta quinta-feira, o Tribunal Superior do Quebeque decretou a Mugesera uma autorização de permanência no país até ao dia 20, a fim de dar tempo aos tribunais para analisarem a competência do Comité de Tortura das Nações Unidas no dossier que diz respeito àquele ruandês.
Mugesera foi hospitalizado na quarta-feira, na cidade do Quebeque, poucas horas após o Tribunal Federal rejeitar o seu pedido para ficar no país.
Ainda durante a tarde de quarta-feira, os advogados deste ex-político hútu deram a conhecer um pedido enviado ao governo canadiano pelo Comité de Tortura das Nações Unidas, em Genebra, visando adiar a sua deportação, para possibilitar a análise do argumento de que ele poderá ser alvo de tortura e não ter um julgamento imparcial se regressar ao Ruanda.
Entretanto, Mugesera continua hospitalizado, não sendo conhecida a sua situação clínica ou a doença de que padece, embora a família afirme que ele está em "estado crítico".
O governo canadiano declarou que ele será deportado "logo que possível", não fazendo comentários ao pedido do Comité de Tortura da ONU.
Este antigo político ruandês chegou com a família ao Canadá em 1993, onde foi acolhido como refugiado.
Três anos depois, o governo canadiano, depois de obter provas de que Mugesera havia feito um discurso político no Ruanda em 1992, no qual incitava os membros do seu partido a exterminarem os tutsis, retirou-lhe a autorização de permanência no país e decretou-lhe a primeira ordem de deportação.
O ruandês iniciou então uma batalha legal com vista a ficar no Canadá.