O Ministério da Defesa russo prometeu para esta quarta-feira a abertura de um corredor humanitário que permita a retirada de civis da fábrica de produtos químicos em Severodonetsk
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Quando o fogo cruzado atordoa, há quase um mês, Severodonetsk, diz o presidente Volodymyr Zelensky que a batalha pelo controlo da cidade industrial será recordada como uma das "mais brutais" que a Europa já enfrentou. As forças russas, que cortaram as ligações à cidade, dominam a quase totalidade do território tido como estratégico para assegurar o controlo da região do Donbass, detido já em 90% pelas forças invasoras. O Ministério da Defesa russo anunciou a abertura, para esta quarta-feira, de um corredor humanitário para retirar os mais de 500 civis que permanecem na fábrica de produtos químicos Azot.
O gesto de Moscovo pressupõe, contudo, a rendição das tropas ucranianas que se encontram no interior de Azot, que deverão depor as armas a partir das 8 horas de quarta-feira (hora de Moscovo), de acordo com a agência noticiosa Interfax, que cita Mikhail Mizintsev, chefe do Centro Nacional de Gestão de Defesa da Rússia.
O complexo industrial de Azot tem sido fortemente atingido pela artilharia russa, referiu o governador de Lugansk, Serhiy Haidai. As tropas russas devem "render-se ou morrer", avisou um líder separatista pró-Rússia na autoproclamada República de Donetsk.
Num momento crucial da guerra, Zelensky regressou, em declarações a jornalistas dinamarqueses, ao apelo repetido à exaustão para que o Ocidente forneça armas de longo alcance. "Temos armas suficientes. O que não temos o suficiente são as armas que realmente atingem o alcance de que precisamos para reduzir a vantagem do equipamento da Federação Russa".
O presidente do Parlamento ucraniano, Ruslan Stefanchuk, pediu em Viena que a agressão russa contra o seu país, sobretudo no Leste, seja reconhecida como "genocídio". Stefanchuk acusou a Rússia de cometer, "todos os dias", crimes de guerra. "A cada dia que passa pagamos um preço horrendo, a cada dia perdemos 100 soldados e 500 são feridos, sem contar com os civis mortos e feridos", assinalou o responsável, exigindo que se faça justiça. "Nesta guerra, a justiça é tão importante quanto a vitória", assinalou.
Já o governador de Lugansk, Serhiy Haidai, anunciou que 70 civis foram retirados de Lysychansk. Numa publicação no Telegram, Haidai reiterou que a região está sob forte ataque russo. "Um verdadeiro inferno", descreveu.
Jornalistas interditados
Moscovo anunciou que vai interditar a entrada em território russo a 49 cidadãos britânicos, incluindo 29 jornalistas, figuras militares e deputados, em resposta às sanções do Ocidente e à alegada disseminação de informação falsa. "Os jornalistas britânicos incluídos na lista estão envolvidos na disseminação deliberada de informações falsas e unilaterais sobre a Rússia e eventos na Ucrânia e no Donbass", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, em comunicado.
Entre os jornalistas visados estão colaboradores e a diretora do The Guardian, tal como profissionais da BBC, Sunday Times, Daily Mail, Independent, Daily Telegraph ou Sky News.