O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, alertou este domingo a Rússia de que se arrisca a perder o seu lugar no prestigiado grupo dos oito devido ao envio de tropas para a república ucraniana da Crimeia.
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O presidente (russo) Vladimir Putin, "pode não ter (cimeira do) G8 em Sochi, pode mesmo não continuar no seio do G8 se isto continuar", advertiu Kerry em declarações à televisão norte-americana NBC.
Antes, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e da França anunciaram terem decidido suspender a sua participação nas reuniões preparatórias da cimeira do Grupo dos oito (os sete países mais industrializados - Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos e Japão - e a Rússia), prevista para decorrer em junho na cidade russa de Sochi.
"O Reino Unido vai juntar-se a outros países do G8 suspendendo a sua cooperação sob a égide do G8, presidido este ano pela Rússia, o que inclui as reuniões desta semana para a preparação da cimeira do G8", disse o chefe da diplomacia britânica à cadeia televisiva Sky News, antes de partir para Kiev.
O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, disse que a França espera que sejam suspensas "as reuniões de preparação do G8", reagindo à situação de tensão entre Kiev e Moscovo, depois da câmara alta do parlamento russo ter aprovado no sábado, por unanimidade, um pedido do presidente Vladimir Putin para autorizar "o recurso às forças armadas russas no território da Ucrânia".
O Canadá, por sua vez, decidiu mesmo suspender a sua participação na cimeira. Além disso, retirou o seu embaixador na Rússia, em protesto pela intervenção militar russa na Ucrânia, e solicitou a Moscovo que "retire imediatamente" as suas tropas daquele país.
No sábado, a administração norte-americana informou em comunicado ter decidido suspender a sua participação nas reuniões preparatórias da cimeira do G8.
O comunicado foi divulgado após uma conversa telefónica de 90 minutos entre o presidente norte-americano, Barack Obama, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, durante a qual lhe terá pedido para fazer recuar as forças russas para as bases na Crimeia e o terá advertido contra um isolamento internacional crescente, se mantiver a intervenção na Ucrânia.
O secretário-geral da NATO, por seu turno, exortou este domingo a Rússia a parar com as atividades militares e as ameaças contra a Ucrânia, afirmando que as ações de Moscovo põem em causa "a paz e a segurança na Europa".
Anders Fogh Rasmussen falava antes de uma reunião de emergência com os 28 embaixadores da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em Bruxelas, para "discutir as implicações [da ação da Rússia] para a segurança Europeia".