A Rússia considerou, esta quinta-feira, ser inaceitável que a Coreia do Norte não respeite as resoluções da ONU e que as iniciativas de Pyongyang na questão nuclear bloqueiam o reinício das negociações a seis.
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"Para a Rússia, o não respeito de Pyongyang pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU (sobre a não proliferação nuclear) é totalmente inaceitável", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Alexandre Lukachevich, em conferência de imprensa.
As iniciativas de Pyongyang podem "complicar ou chegar mesmo a bloquear as perspetivas de reinício das negociações a seis", acrescentou, numa das mais fortes críticas da Rússia à Coreia do Norte, desde o princípio da atual crise.
As negociações a seis (China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Japão, Rússia e Estados Unidos) têm como objetivo levar o regime norte-coreano a renunciar às ambições nucleares. Estão suspensas desde 2009, data em que Pyongyang abandonou a mesa de negociações.
A Coreia do Norte ultrapassou um novo degrau no confronto, ao anunciar, esta quinta-feira, ter aprovado o projeto de operações militares contra os Estados Unidos, incluindo eventuais ataques nucleares.
"O nosso principal objetivo é que todas estas manobras e retóricas perigosas parem o mais depressa possível e que sejam criadas condições para retomar rapidamente as negociações a seis", sublinhou Lukachevich.
"Estamos convencidos que a regularização da situação não passa pela escalada e retórica militares, mas pela procura comum de soluções político-diplomáticas", acrescentou.
O exército norte-coreano declarou ter informado Washington que os norte-americanos seriam "esmagados" por "meios de ataque nuclear", considerando que os voos dos bombardeiros 'B-52' e 'B-2' norte-americanos sobre a Coreia do Sul, aliada dos Estados Unidos, tinham levado a um agravamento da situação.
Apesar do teste, considerado bem sucedido, de um míssil em dezembro, a Coreia do Norte não é vista, nesta fase, como capaz de atacar diretamente território norte-americano.
Mas Pyongyang ameaçou atacar Guam e Havai, além de ter capacidade para atingir a Coreia do Sul e o Japão, onde estão estacionados 28.500 e 50.000 militares norte-americanos, respetivamente.
Tecnicamente, as duas Coreias continuam em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 não terminou com a assinatura de um tratado de paz.