A Rússia qualificou como irresponsáveis as ameaças de ataques contra o Kremlin, sede da presidência em Moscovo, feitas pelo líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, numa entrevista divulgada na quinta-feira.
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"O dirigente ucraniano lança ameaças de forma indiscriminada, o que nos parece bastante irresponsável", reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
"E, provavelmente, isto demonstra mais uma vez que os pensamentos do regime de Kiev são sobre guerra, não sobre paz", acrescentou, também citado pela agência de notícias russa Ria Novosti.
Zelensky disse numa entrevista ao "site" de notícias norte-americano Axios que os dirigentes russos que trabalham no Kremlin poderão tornar-se alvos potenciais se a Rússia não parar a guerra contra a Ucrânia.
"É melhor que saibam onde estão os abrigos antiaéreos. Vão precisar deles. Se não pararem a guerra, vão precisar", afirmou, respondendo a uma pergunta sobre se os funcionários do Kremlin deveriam saber onde estão os abrigos.
O Kremlin, no centro de Moscovo, serve de residência oficial e de trabalho do presidente da Federação Russa.
Um míssil russo danificou no início de setembro o edifício do Governo da Ucrânia em Kiev, situado a centenas de quilómetros da linha da frente, segundo as autoridades ucranianas.
A Ucrânia lança regularmente drones contra a Rússia em resposta à invasão russa iniciada em fevereiro de 2022 e aos ataques aéreos diários contra as cidades ucranianas.
Os ataques ucranianos visam frequentemente infraestruturas de petróleo e gás russas, com alguns drones a atingirem Moscovo ou arredores.
Durante a entrevista à Axios, Zelensky afirmou que a Ucrânia não tem intenção de atingir civis na Rússia. "Não somos terroristas", justificou.
O presidente ucraniano disse ainda esperar obter um tipo de arma norte-americana de maior alcance que permita ataques no coração da Rússia, sem fornecer mais detalhes.
As operações ucranianas com armas ocidentais em território russo, longe da linha da frente, constituem uma questão delicada, já que alguns aliados de Kiev receiam um agravamento do conflito com Moscovo.
Zelensky garantiu à Axios, contudo, que o presidente dos Estados Unidos lhe deu "luz verde" para continuar a atacar infraestruturas energéticas russas com armas norte-americanas.
Donald Trump, que se tinha aproximado de Vladimir Putin mas tem expressado crescente frustração para com o homólogo russo nas últimas semanas, comparou esta semana a Rússia a um "tigre de papel".