Líder germânico mostrou apoio incondicional a Kiev, mas afasta possibilidade do país do leste da Europa integrar a Aliança Atlântica.
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Olaf Scholz viajou ontem até à Ucrânia para se encontrar com o presidente do país, Volodymyr Zelensky, aproveitando para frisar que a Alemanha está do lado de Kiev, informando ainda que o estado poderá contar com o apoio financeiro de Berlim. "A integridade territorial da Ucrânia não é negociável", refletiu Scholz, citado pelo jornal britânico "The Guardian".
Durante a conversa entre os dois líderes, o sucessor de Angela Merkel referiu que continuam a não haver razões para Moscovo manter as forças militares na fronteira com o país vizinho, sublinhando que se a pressão continuar a aumentar a Alemanha irá aplicar um conjunto de sanções que já estão a ser delineadas pelo Governo germânico.
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Embora a Alemanha abra a porta a laços com a Ucrânia, o encontro entre os governantes também ficou marcado por pontos de divergência. Volodymyr Zelensky aproveitou a reunião para reafirmar a importância da Ucrânia ser incluída na NATO, alegando que a proteção do país de leste sob a alçada da Aliança Atlântica implica a segurança de toda a Europa.
O líder de Kiev adiantou ainda que o país teme uma invasão já amanhã, dia 16 de fevereiro. No entanto, Scholz evidenciou que a expansão da aliança "não está na agenda", acrescentando que este não é o momento certo para a organização trazer essa discussão à tona.
Kremlin quer negociar
Relativamente ao gasoduto Nord Stream 2, o líder ucraniano classificou-o como uma "arma geopolítica". A via de transporte de gás está destinada a duplicar o envio de energia russa em direção à Alemanha evitando território ucraniano, mas ainda não existe autorização de Berlim e da Comissão Europeia para funcionar, o que é visto como um fator chave nas negociações em curso. Mas neste ponto, Scholz não foi específico. O líder mencionou que as sanções no caso de um ataque russo à Ucrânia seriam "muito abrangentes e eficazes", mas não especificou de que forma usaria o gasoduto Nord Stream 2 para retaliar o Kremlin.
Antes de se encontrar com o presidente ucraniano, o governante já tinha deixado uma mensagem ao Kremlin, apelando a que aceitasse as negociações com o Ocidente de modo a que se chegasse a um consenso favorável à segurança europeia.
Vladimir Putin também se reuniu ontem com o seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, referindo, durante a conversa de vídeo, que o atual momento de tensão pode ser resolvido através do diálogo com os países ocidentais.
Mostrando-se recetivo a conversas, o Kremlin informou que os exercícios militares com a Bielorrússia também estão prestes a terminar.
Apesar da Rússia se mostrar recetiva a negociações, o porta-voz do Pentágono alertou que o país reforçou ainda mais a posição militar na fronteira com a Ucrânia ao longo do fim de semana. Os EUA alertaram há poucos dias que temem uma invasão esta semana, ainda antes de os Jogos Olímpicos de Inverno, a decorrer em Pequim, terminarem. v
Tensão Mundial
57 estados da OSCE reúnem-se
A Organização para Segurança e Cooperação na Europa convocou uma reunião para obter informações sobre as atividades na fronteira.
Reino Unido
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu a Vladimir Putin para se afastar do "precipício" na Ucrânia, considerando a situação "muito, muito perigosa" e admitindo uma invasão "nas próximas 48 horas".
China
A China apelou a que "todas as partes envolvidas" na questão da Ucrânia atuem de forma "racional" e "evitem ações que aumentem as tensões", garantido que a sua embaixada no país "está a operar normalmente".
França
Jean-Yves Le Drian, ministro francês das Relações Exteriores, alertou que atualmente estão reunidos "todos os elementos" base para uma ofensiva militar "forte" da Rússia na Ucrânia.