Cerca de um milhão de pessoas estão ameaçadas de fome no sul de Angola, alerta o bispo de Ondjiva, capital da província do Cunene, Pio Hipunyati.
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Contactado telefonicamente pela agência Lusa a partir de Luanda, Pio Hipunyati, responsável máximo da diocese de Ondjiva, disse que a seca que atinge a região é "a mais severa dos últimos anos".
"A situação é alarmante. Choveu pouquíssimo e não haverá colheita nenhuma. Este seria o mês das colheitas, mas não há água, nem para as pessoas nem para os animais", frisou.
Segundo o bispo, "advinha-se um ano muito difícil".
"A próxima colheita será somente em maio de 2014 e a Cáritas não tem condições de ajudar a população. Temos os armazéns completamente vazios", alertou.
Na edição desta terça-feira do diário estatal "Jornal de Angola", o governador da província do Cunene, António Didalelwa, alertou também para a situação de emergência, que segundo ele ameaça de fome pelo menos 300 mil pessoas.
Segundo António Didalelwa, foram já tomadas medidas iniciais para acudir às populações mais afetadas, mas o governante alertou que "há falta de alimentos e de água para as pessoas e o gado" e as populações mais afetadas estão nas comunas de Mucupe, Onepolo e Humbe, tendo já muitas pessoas abandonado as casas para acamparem na margem direita do rio Cunene, juntamente com os seus rebanhos.
"A população dessas localidades está a passar momentos muito difíceis, porque há dois anos que praticamente não chove nas suas regiões, facto que está a prejudicar a economia das famílias, cuja base de subsistência é a agricultura e a criação de gado", descreveu o governador do Cunene.