Serviços secretos de Israel: uma longa história de assassinatos e objetos armadilhados
Explosões de centenas de pagers e de walkie talkies, usados pelos membros do Hezbollah, fizeram pelo menos 37 mortos e mais de 3500 feridos no Líbano. Acredita-se que os ataques tenham sido levados a cabo pela Mossad, os serviços secretos de Israel, que têm um longo historial de operações semelhantes.
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1972
Retaliação após o Massacre de Munique
Depois do massacre de Munique durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1972, em que a organização militante palestiniana Setembro Negro fez reféns e matou vários membros da equipa olímpica israelita, a Mossad iniciou uma operação para assassinar indivíduos envolvidos no ataque. A operação prolongou-se por 20 anos e tinha como alvo indivíduos em países da Europa e do Médio Oriente. Em 1973, por exemplo, comandos israelitas dispararam contra vários líderes da Organização para a Libertação da Palestina nos seus apartamentos em Beirute.
1972
Fica cego e surdo devido a presente armadilhado
Bassam Abu Sharif, porta-voz da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), ficou ferido em Beirute quando abriu um pacote com um livro, que tinha uma bomba implantada que explodiu. Perdeu vários dedos, ficou surdo de um ouvido e cego de um olho.
1990
Engenheiro morto com cinco tiros na nuca
Gerald Bull, um engenheiro canadiano que concebeu uma "super arma" para o governo de Saddam Hussein, no Iraque, no âmbito do Projeto Babilónia, foi assassinado à porta de sua casa, em Bruxelas em 1990. Terá levado cinco tiros na nuca, à queima-roupa, alegadamente disparados por três agentes da Mossad.
1996
Colocaram explosivos em telefone
Yahya Ayyash, apelidado de “engenheiro” por construir bombas para o Hamas, foi morto ao atender o telefone em Gaza. Escondidos dentro do dispositivo estavam cerca de 50 gramas de explosivos. O seu assassinato desencadeou uma série de atentados mortais em autocarros em Israel.
1997
Tentaram envenenar líder do Hamas
Numa tentativa de matar o então líder do Hamas em Amã, na Jordânia, dois agentes da Mossad entraram no país com passaportes canadianos falsos e envenenaram Khaled Mashaal, colocando um dispositivo perto do seu ouvido. No entanto, foram capturados e o rei da Jordânia ameaçou anular um acordo de paz caso Mashaal morresse. Israel enviou um antídoto e os agentes israelitas regressaram a casa.
2000
Telefone armadilhado explode e mata ativista
Um ativista da Fatah, a maior fação da Organização para a Libertação da Palestina, do campo de refugiados de Kalandia, nos arredores de Ramallah, foi morto quando um telemóvel armadilhado explodiu perto da sua cabeça.
2004
Dois líderes espirituais assassinados em menos de um mês
O líder espiritual do Hamas, Ahmed Yassin, foi morto num ataque de um helicóptero israelita enquanto era empurrado na sua cadeira de rodas. Yassin, que ficou paralisado num acidente quando era criança, foi um dos fundadores do Hamas em 1987. O seu sucessor, Abdel Aziz Rantisi, morreu num ataque aéreo israelita menos de um mês depois.
2007
Um céu "falso" para bombardear o alvo
Em 2007, Israel conduziu um ataque aéreo contra uma alegada instalação nuclear síria. A Mossad começou a recolher informações para o ataque em 2001, traçando o perfil do presidente sírio, Bashar al-Assad, e de um alto funcionário sírio em Londres. A agência também se infiltrou na alegada instalação nuclear e apreendeu materiais a serem trazidos de volta para Israel em agosto de 2007. A operação incluiu técnicas de guerra cibernética para desativar as defesas aéreas sírias e fornecer-lhes uma imagem falsa do céu, permitindo que os jatos israelitas entrassem no espaço aéreo sírio para bombardear o seu alvo.
2008
Bomba plantada em carro
Imad Mughniyeh, chefe militar do Hezbollah, foi morto quando uma bomba colocada no seu carro explodiu em Damasco. Mughniyeh era acusado de planear atentados suicidas durante a guerra civil do Líbano e de planear o sequestro de um avião comercial da Trans World Airlines em 1985, no qual um mergulhador da Marinha dos EUA foi assassinado.
2010
Passaportes falsos e perucas
Em 2010, agentes da Mossad terão assassinado o cofundador da ala militar do Hamas, o comandante Mahmoud Al-ouh, no Dubai, no seu quarto de hotel. Para isso, a equipa de pelo menos 26 agentes usou passaportes europeus falsos e vários disfarces, incluindo perucas e óculos. Acredita-se que Al-Mabhouh tenha morrido devido a uma combinação de relaxante muscular e asfixia.
2010
Um "malware" contra instalações nucleares do Irão
Em 2010, foi descoberto o "malware" Stuxnet que teve como alvo as instalações nucleares iranianas, causando danos significativos em centrifugadoras, uma das quais era utilizada para enriquecimento de urânio. Acredita-se que o "malware" estivesse em desenvolvimento desde 2005 e tivesse sido criado em conjunto por Israel e pelos Estados Unidos, embora nenhum dos países tenha reivindicado a responsabilidade.
2010-2012
Bombas magnéticas em carros
Entre 2010 e 2012, a Mossad tentou assassinar cinco cientistas nucleares iranianos em Teerão, tendo um alvo sobrevivido ao ataque. Na maioria dos casos, os ataques envolviam motociclistas que colocavam bombas magnéticas nos carros das vítimas.
2020
Assassinato com metralhadora controlada remotamente
Israel foi acusado de matar um importante cientista nuclear militar iraniano, Mohsen Fakhrizadeh, com uma metralhadora controlada remotamente enquanto viajava num carro nos arredores de Teerão.
2021
Ataque cibernético a instalação nuclear subterrânea
Uma instalação nuclear subterrânea no centro do Irão foi atingida por explosões e por um ataque cibernético devastador que provocou apagões contínuos.
2024
Assassinato do presidente do Comité Político do Hamas
Acredita-se que a Mossad assassinaram Ismail Haniyeh, presidente do Comité Político do Hamas, em 31 de julho de 2024, em Teerão. Acredita-se que os agentes da Mossad tenham colocado uma bomba ou coordenado um ataque aéreo à sua casa. Embora Israel não tenha reivindicado o ataque, o país assumiu a responsabilidade por um ataque mortal horas antes contra Fouad Shukur, um importante comandante do Hezbollah em Beirute.