Milhares de estudantes sérvios que apelaram à greve geral nesta sexta-feira voltaram a manifestar-se em Belgrado em homenagem às 15 pessoas mortas no acidente da estação de Novi Sad.
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A queda, a 1 de novembro do ano passado, da cobertura de betão da estação ferroviária de Novi Sad, a segunda maior cidade da Sérvia, desencadeou o maior movimento de protesto dos últimos anos no país.
Os manifestantes consideram que o acidente foi resultado da corrupção, uma vez que a estação tinha sido restaurada recentemente.
Na capital da Sérvia, vários estabelecimentos comerciais, nomeadamente cafés e restaurantes, responderam ao apelo dos manifestantes e não abriram ao público esta manhã.
Após semanas de manifestações semanais, quase sempre à sexta-feira, os estudantes, que assumiram a liderança do movimento, apelaram à greve geral no dia de hoje.
"Greve geral", "A mudança vem connosco", "As vozes dos estudantes são as vozes da mudança", "O sistema está a mentir-vos" foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos jovens em Belgrado antes de terem sido cumpridos 15 minutos de silêncio, em memória das 15 vítimas mortais.
Ao meio-dia (11 horas em Portugal continental), ainda não havia dados disponíveis sobre o número de grevistas a nível nacional.
Muitos estabelecimentos de ensino permaneceram encerrados porque os professores fizeram greve ou porque os pais decidiram não enviar os filhos à escola.
Os advogados também fizeram greve tal como vários funcionários de teatros e de cinemas.
Num sinal da polarização que o país enfrenta, algumas dezenas de cafés e restaurantes anunciaram que permaneceriam abertos e ofereceriam café e algumas refeições, naquilo que os jornais apontados como próximos do Governo descreveram como um movimento contra a greve.
Os transportes públicos funcionaram normalmente durante a manhã, assim como o fornecimento de eletricidade e gás.
As principais reivindicações são a publicação de todos os documentos e contratos relacionados com a renovação da estação de Novi Sad, um aumento do orçamento para as universidades, o fim dos ataques aos manifestantes e a total transparência na investigação do acidente de Novi Sad.
O Governo e o presidente Aleksandar Vucic publicaram alguns dos documentos e anunciaram aumentos para os professores e para os orçamentos das universidades, afirmando que tinham respondido às exigências.
O Executivo acusou também os estudantes de serem "agentes de estrangeiros" e promoveu para hoje à tarde uma contra manifestação em Jagodina, no centro da Sérvia.