<p>Ele tem 20 anos, ela tinha 17, namoraram, ele matou-a. O crime, confessado no Dia dos Namorados, está a suspender a Espanha - o corpo dela, atirado ao rio, em Sevilha, ainda não foi achado. Homicida confesso e três cúmplices presos sem fiança.</p>
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Alegadamente, o crime deu-se no dia 24 de Janeiro, um sábado, era de tarde: Miguel e Marta discutiram, ele agrediu-a com um cinzeiro na cabeça, ela morreu. Estavam sozinhos em casa dele, no popular bairro da Macarena, cidade de Sevilha, sul de Espanha, a 200 quilómetros de Faro. Em pânico, ele quis encobrir-se: telefonou a Samuel, um amigo mais velho, ele veio de noite, trouxe uma mota. Já madrugada, os dois transportaram o corpo para fora de casa, deslocando-o numa cadeira de rodas, e, juntos, seguiram pela escuridão até à ponte do rio Guadalquivir, que une o local sevilhano de Camas com Charco de la Pava - e despejaram o cadáver na corrente. O corpo está desaparecido faz hoje 25 dias; ela chamava-se Marta del Castillo, tinha 17 anos.
A Polícia Nacional de Espanha produziu os primeiros resultados da investigação no sábado passado: prendeu Miguel Carcaño, 20 anos, namorado de Marta durante o ano passado. À quarta sessão de interrogatório, nesse mesmo dia, Dia dos Namorados, ele quebrou - e confessou o crime. De imediato foram desencadeadas buscas ao largo dos 80 quilómetros do Guadalquivir, um rio profundo e lodoso, o quarto mais comprido da Península Ibérica, que banha Sevilha e segue até Cádiz. Polícia Nacional, Guarda Civil e Unidade Militar de Emergência, onde se incluem especialistas em submarinismo, procuram o corpo, com helicópteros e barcos, juntamente com dezenas de efectivos nas margens de mato do rio.
Além de Miguel, o homicida confesso, está também preso Samuel Benítez, o cúmplice amigo mais velho, acusado de co-autoria e ocultação do corpo. Presentes ao juiz em Sevilha - saíram escoltados de carros celulares e entrarem em tribunal debaixo de uma silva enfurecida de centenas de populares a gritar "Asesinos! Asesinos!" -, aos dois foi decretada prisão incondicional, sem qualquer hipótese de fiança.
A história tem mais dois participantes, dois rapazes, menores de idade, também já presos: um é Javier Carcaño, irmão de Miguel, acusado de encobrimento, levado pela polícia ontem à tarde; o outro é um rapaz de 15 anos, identidade não revelada, do círculo de amigos do suposto homicida, e que foi enviado também pelo Julgado de Menores de Sevilha para internamento em regime fechado.
Relatado pelos media espanhóis de forma particularmente intensa desde sábado, o "crime terrível", assim definido ontem pelo ministro espanhol do Interior, deixa dois cenários contrastados em Sevilha: no pátio da casa onde Marta morava com os pais lampejam agora dezenas de velas vermelhas no memorial da condolência crescente; à porta do prédio onde morava Miguel, uma frase foi chibada a tinta de prata - e aponta: "Aki vive un asesino".
* com agências