O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, alertou esta segunda-feira que a situação na central nuclear de Zaporíjia (sudeste da Ucrânia) permanece "muito precária", preocupação que pretende manifestar numa próxima deslocação à Rússia.
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Em fevereiro, Grossi visitou a Ucrânia - quando se completavam dois anos desde que as tropas russas invadiram o território ucraniano -, e nessa deslocação, a quinta desde o início do conflito, voltou a inspecionar a central nuclear de Zaporíjia, considerada a maior da Europa. Ocupada pelas forças russas e milícias separatistas, a central já registou oito desconexões à rede elétrica geral, com o consequente risco em matéria de segurança.
Num discurso perante o conselho de governadores da AIEA (agência do sistema das Nações Unidas), Rafael Grossi recordou que atualmente em Zaporíjia estão a ser cumpridas seis das sete normas que regem a segurança nuclear, e apelou à "máxima contenção" de todas as partes para limitar ao máximo o risco de acidente.
As autoridades russas não preveem ceder o controlo das instalações, situadas numa das quatro regiões parcialmente ocupadas e que Moscovo reivindica como parte do seu território.
Entre as questões a melhorar incluem-se temas relativos à situação dos trabalhadores, a inspeção e manutenção dos sistemas ou a capacidade das cadeias de abastecimento.
"Todos estes aspetos afetam a segurança nuclear e a situação de segurança da central", frisou o chefe da AIEA.
Grossi destacou ainda que "apesar dos desafios logísticos de uma zona de guerra", a agência pode efetuar um levantamento de todas as instalações nucleares na Ucrânia.
No total, a AIEA efetuou 98 missões para verificar o correto funcionamento das cinco centrais instaladas no país, apesar de considerar que nenhuma está isenta de riscos atendendo ao prolongamento do conflito.