Socialistas franceses criticam deputada da França Insubmissa por homenagem a líder do Hamas
Líderes socialistas franceses indignaram-se hoje com a homenagem ao líder do Hamas, Ismail Haniyeh, feita pela deputada da França Insubmissa (LFI) Sophia Chikirou, segundo capturas de ecrã da sua conta pessoal no Instagram, que a deputada não negou.
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Segundo a agência de notícias AFP, as capturas de ecrã da conta pessoal da deputada no Instagram foram publicadas no X (antigo Twitter), sem que Sophia Chikirou tenha desmentido a homenagem ao líder do Hamas - assassinado na quarta-feira, no Irão -- originalmente publicada pela Organização Emergência Palestina.
O primeiro secretário do Partido Socialista (PS), Olivier Faure, criticou a deputada por "provocações que têm como único efeito gerar polémicas que prejudicam o trabalho coletivo" e comentários que "são da sua exclusiva responsabilidade".
Faure referiu, numa publicação no X, que o programa da nova Frente Popular (NFP), aliança eleitoral de esquerda para as eleições legislativas antecipadas do final de junho e que junta a LFI, o PS, os Ecologistas e o Partido Comunista, "é claro".
A LFI fez da denúncia da guerra lançada por Israel em Gaza um dos seus principais temas de campanha, tendo sido acusada de roçar o anti-semitismo na sua defesa da causa palestiniana.
No seu programa conjunto, a NFP denuncia explicitamente "os massacres terroristas do Hamas".
A presidente socialista da região da Occitânia, Carole Delga, mantendo uma linha de rutura com a LFI, manifestou também a sua indignação. "Abjeto", escreveu Delga no X, vendo naquela publicação de Sophia Chikirou uma "apologia do terrorismo" e um "porta-voz do ódio aos judeus".
"Não trabalharei com as autoridades eleitas, um partido que endossa ou se recusa a condenar tais posições", declarou por sua vez o autarca socialista de Rouen, Nicolas Mayer-Rossignol, que se opõe abertamente a uma aliança do seu partido com a França Insubmissa, de Jean -Luc Mélenchon.
A Liga Internacional contra o Racismo e o Antissemitismo (Licra) denunciou uma homenagem que "deveria bani-la da vida política", enquanto a União dos Estudantes Judeus de França (UEJF) anunciou a apresentação de uma queixa por "apologia do terrorismo".
A França ainda não tem um novo Governo desde as eleições legislativas, cuja segunda volta ocorreu a 07 de julho e durante as quais a NFP ficou em primeiro lugar, mas longe da maioria absoluta.
Após longas e difíceis negociações entre a LFI e o PS, a NFP propôs nomear como primeiro-ministro um alto funcionário desconhecido do público em geral, Lucie Castets, mas o Presidente Emmanuel Macron declarou que não nomearia um novo Governo antes do final dos Jogos Olímpicos, em meados de agosto.
