O primeiro-ministro, José Sócrates, alertou hoje, domingo, para a necessidade de todos os países tirarem "as devidas lições" da "mais grave crise" dos últimos 80 anos, agora que há sinais do início da retoma económica.
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"Temos hoje, felizmente, sinais de que o pior já passou, e que o processo de retoma económica, ainda lento mas, esperamos, sustentado, já se iniciou", declarou José Sócrates, no seu discurso no acto inaugural da XIX Cimeira Ibero-Americana, que decorre no Estoril até terça-feira.
Contudo, sublinhou, "temos de tirar as devidas lições" da "mais grave crise económica dos últimos 80 anos", que afectou todo o planeta.
Assim, defendeu, há que "construir instituições e dispositivos à escala internacional que permitam uma regulação eficaz do sector financeiro" e impeçam "a repetição do triunfo da especulação de curto prazo sobre as necessidades da economia real".
Como segunda lição, o primeiro-ministro elegeu "a centralidade dos Estados e das políticas públicas", na medida em que, quando tudo o mais, na economia e nas finanças, parece falhar, é o Estado que não pode falhar.
"Por isso mesmo, os Estados devem continuar a cooperar entre si, para que a globalização signifique mais oportunidades e progresso para todos", afirmou.
A terceira lição, referiu, tem que ver precisamente com a importância das estratégias centradas na inovação e no conhecimento, os temas da XIX Cimeira Ibero-Americana.
"A retoma será tanto mais rápida e o crescimento será tanto mais sustentado quanto soubermos apostar na modernização económica e social", defendeu.
Por outro lado, continuou, José Sócrates, é necessário uma "economia amiga do ambiente, que esteja ao mesmo tempo na fronteira da inovação e na fronteira da sustentabilidade".
A este propósito, o primeiro-ministro lembrou que dentro de dias inicia-se a Cimeira de Copenhaga, "uma conferência decisiva para o planeta", onde todos terão que "concentrar esforços e actuar de forma concertada em prol de um objectivo comum".
Falando perante os chefes de Estado e de Governo que participam na Cimeira Ibero-Americana, José Sócrates disse ainda acreditar que todos estarão à altura dos desafios que são colocados, numa altura em que "a comunidade Ibero-Americana é uma voz cada vez mais ouvida no plano internacional".
"E é uma voz de que o mundo precisa de ouvir", sublinhou, depois de assinalar que cada Cimeira Ibero-Americana é uma reafirmação dos valores e da oportunidade de reforçar os laços de paz e solidariedade.
"O primeiro fundamento da nossa cooperação política, económica e cultural é a nossa história e os nossos valores comuns", referiu, ressalvando, contudo, que esta cimeira não se celebra apenas o passado comum, mas o olhar para o futuro.