Militantes pró-russos suspenderem todos os voos na Crimeia, com exceção dos voos com destino ou origem em Moscovo, para impedir a chegada de ativistas, no mesmo dia em que o parlamento regional declarou independência.
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"O tráfego aéreo está controlado, assim como a pista", disse Ivan, um dos militantes pró-russos, à agência de notícias AFP, acrescentando que o objetivo era impedir a chegada de ativistas de Kiev, a capital ucraniana que não reconhece a tomada de posição do parlamento local, que votou esta manhã pela independência da Crimeia em relação à Ucrânia.
Um dos voos que devia ter chegado durante a manhã a Simferopol, a capital da Crimeia, foi impedido de aterrar e teve de regressar à capital ucraniana, Kiev.
Uma fonte que trabalha no controlo de tráfego aéreo da península ucraniana contou à AFP que homens armados entraram no centro de controlo aéreo e obrigaram os técnicos a abandonar o posto de trabalho, não estando certo se ou quando poderão regressar.
A tomada do aeroporto pelas forças pró-russas acontece no mesmo dia em que os deputados do parlamento da Crimeia declararam a península independente da Ucrânia, passo prévio ao referendo de domingo para permitir a união com a Rússia.
Uma "declaração de independência da república autónoma da Crimeia e da cidade de Sebastopol" foi aprovada por 78 dos 81 deputados presentes, segundo um comunicado do parlamento, considerado ilegal pelas autoridades de Kiev.
A ação do parlamento regional da Crimeia parece visar criar um quadro jurídico para o território se unir à Rússia como Estado soberano.
O serviço de imprensa do parlamento explicou numa declaração que a independência entrará em vigor após o referendo se o resultado for favorável à entrada da Crimeia na Federação Russa.
A declaração faz referência à separação do Kosovo da Sérvia, adiantando que "a declaração unilateral de independência de parte de um Estado não viola as leis internacionais".
Se o resultado do referendo for a favor da Rússia, "a república da Crimeia como um Estado independente e soberano solicitará a entrada na Federação Russa", adianta.
No referendo, os eleitores serão questionados se são a favor de uma reunificação da península ucraniana com a Rússia ou se pretendem continuar na Ucrânia com uma maior autonomia.
As novas autoridades de Kiev não reconhecem o governo de Simferopol, que por sua vez considera ilegítimo o executivo central e continua a considerar como Presidente da Ucrânia o deposto Viktor Ianukovich, exilado na Rússia.
A Crimeia pertenceu à Rússia e, no âmbito da União Soviética, foi anexada à Ucrânia em 1954.
Os censos mais recentes indicam que vivem no território, com 26.081 quilómetros quadrados e que acolhe uma base naval russa em Sebastopol, cerca de dois milhões de pessoas, incluindo 60 por cento de russos, 26 por cento de ucranianos e 12 por cento de tártaros.