Os tártaros da Crimeia pediram, esta quinta-feira, à comunidade internacional uma resposta urgente à decisão do parlamento da República Autónoma ucraniana de se unir à Rússia e de convocar um referendo sobre a questão.
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A decisão do parlamento autonómico foi "tomada por loucos", disse Refat Chubarov, líder dos tártaros da Crimeia, que constituem 12% da população da península no Mar Negro.
"Agora é muito importante que desde as primeiras horas se vejam medidas práticas da comunidade internacional. A situação avança com grande velocidade para o precipício", assinalou o líder do Majlis (Assembleia Consultiva Islâmica) da Crimeia em declarações à televisão ucraniana Gromadski TV.
Refat Chubarov alertou que a comunidade tártara da república autónoma não reconhecerá "um referendo (realizado) sem que existam leis sobre o mesmo na Ucrânia, quando as ruas são percorridas por homens armados e blindados".
Referindo não existirem leis sobre referendos locais na Ucrânia, o responsável considerou "absurda" a decisão dos deputados, porque "primeiro decidem entrar na Federação Russa e em seguida levar a questão a referendo".
Segundo a agência noticiosa espanhola EFE, os deputados da Crimeia aprovaram "por unanimidade" uma resolução que estabelece que a região autónoma "é incorporada na Federação Russa" e convocaram um referendo para o dia 16 para os cidadãos escolherem unir-se à Rússia ou continuarem na Ucrânia com maior autonomia.
Os tártaros são uma comunidade de tradição muçulmana, que está na região desde o século XIII. Deportados para a Sibéria e para a Ásia Central sob o regime de Estaline, regressaram à Crimeia após a queda da URSS e a independência da Ucrânia e apoiaram a contestação contra o presidente ucraniano deposto Viktor Ianukovich.
A população do território da Crimeia, com 26081 quilómetros quadrados, é de cerca de dois milhões de pessoas, incluindo, além dos tártaros, russos (60%) e ucranianos (25%).