Pneus queimados e muito fumo negro em Beirute. A população saiu à rua contra o aumento de impostos da proposta de orçamento para 2020, em especial a inesperada cobrança de 0,20 cêntimos por dia para fazer chamadas telefónicas através da aplicação WhatsApp.
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O ministro das Telecomunicações, Mohamed Choucair, já disse que a medida não será adotada, depois de ver o impacto que teve nas ruas, com milhares de pessoas a manifestarem-se por todo o país, num dos maiores protestos dos últimos anos no Líbano.
A intensidade dos protestos está a por em causa a capacidade de o governo, com menos de um ano, se manter em funções. A ministra do Interior, Raya El Hassan, já alertou que o país pode colapsar caso o governo caia.
Dois dias depois de o Líbano enfrentar os piores incêndios dos últimos dez anos, com a população a responsabilizar o governo pelos cortes financeiros impostos, os ânimos "incendiaram-se" com a divulgação da proposta de orçamento para o próximo ano, aprovada na quarta-feira.
Dois trabalhadores sírios morreram na quinta-feira quando ficaram presos numa loja incendiada por manifestantes. O diretor-geral da Cruz Vermelha libanesa, Georges Kettaneh, disse que 26 manifestantes foram transportados para o hospital e outros 70 foram assistidos no local dos protestos. A polícia indicou que 60 dos seus agentes ficaram feridos nas últimas horas.
No centro da capital, Beirute, milhares de pessoas estão concentradas desde a noite de quinta-feira. No centro, norte e sul do país, estradas estão bloqueadas com pneus incendiados.
"Queremos a derrota do regime" é uma das frases repetidas pelos manifestantes.