O serviço de saúde pública (NHS) do Reino Unido registou um recorde de 54.532 pessoas à espera "mais de 12 horas" nas urgências hospitalares em dezembro, de acordo com dados oficiais divulgados esta quinta-feira.
Corpo do artigo
Por outro lado, o tempo médio de resposta telefónica que os doentes tiveram de esperar para serem atendidos quando solicitaram uma ambulância, no mês passado, nos casos mais urgentes foi de 10 minutos e 57 segundos.
O tempo de espera considerado ideal para uma resposta telefónica em tais casos é de sete minutos.
Estes dados evidenciam as dificuldades que o serviço de saúde britânico enfrenta atualmente devido à chamada da "twindemic", uma vaga de casos de covid-19 e gripe, aliada à falta de pessoal e de investimento nos últimos anos.
De acordo com o centro de estudos King's Fund, o Reino Unido gastou na saúde 10,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 (antes da pandemia), inferior aos 11,7% da Alemanha e 11,1% da França.
O NHS também tem sido afetado nos últimos meses por greves de tripulantes de ambulância e enfermeiros para exigirem melhores salários e emprego.
Um dos principais problemas identificados pelo Governo foi a ocupação de milhares de camas hospitalares por pessoas em condições de receber alta mas que não têm para onde ir devido à escassez de espaços em unidades com cuidados continuados.
Isto leva a que ambulâncias tenham de esperar horas à porta dos hospitais com doentes que não podem ser admitidos, e, consequentemente, demorem horas para assistir pessoas que telefonaram para pedir assistência urgente.
Na semana passada, o ministro da Saúde, Steve Barclay, mobilizou 200 milhões de libras (226 milhões de euros) para obter camas em lares de idosos e outras unidades de saúde para aliviar a pressão nos hospitais sentida durante o inverno.
Ainda assim, o médico chefe do NHS England, Stephen Powis, saudou resultados positivos na redução da lista de espera de tratamentos ou operações planeadas que aumentou durante a pandemia covid-19.
"Enquanto os profissionais de saúde respondiam ao número recorde de atendimentos nas emergências, telefonemas para o 999 [número de emergência] e pedidos de ambulância urgentes por causa da 'twindemic' que resultou em níveis inéditos de doenças respiratórias nos hospitais, também continuaram a ajudar doentes (...) a fazer testes de diagnóstico e tratamento do cancro", vincou.