Três pessoas foram mortas, esta quarta-feira, no Cairo, no quinto dia de confrontos entre a polícia e manifestantes que exigem a saída dos militares no poder no Egipto, disse um médico num hospital de campanha na capital egípcia.
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"Foi, sem dúvida, munição real, mas não os pude examinar antes de serem transportados para os hospitais. Um deles tinha a cabeça esmagada", precisou Chadi al-Naggar, médico no hospital de campanha instalado na mesquita Omar Makram na praça Tahrir, à agência noticiosa francesa AFP.
O Ministério da Saúde registou 31 mortos desde sábado.
Fawzi Abdel Wahib, padre numa igreja também transformada em hospital de campanha, afirmou que uma criança tinha sido atingida por uma bala real, embora o Ministério do Interior tenha garantido que não está a utilizar quaisquer armas letais, negando mesmo o uso de balas de borracha.
"Uma criança de 10 anos foi atingida por uma bala real às sete horas da manhã. Está a ser transferida para o hospital Qasr el-Eini, não penso que sobreviva ao transporte", disse.
Vários médicos disseram à AFP terem tratado muitos manifestantes atingidos por balas.
Dezenas de milhares de contestatários reunidos na praça Tahrir continuam a exigir o regresso dos militares aos quartéis. Os manifestantes acusam o exército de querer manter o poder e perpetuar o sistema repressivo herdado do presidente deposto Hosni Mubarak.
ONU pede inquérito "imparcial e independente" à violência
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navy Pillay, pediu um inquérito "rápido, imparcial e independente" à morte de manifestantes nos últimos dias no Egipto.
"Peço insistentemente às autoridades egípcias que ponham fim à utilização manifestamente excessiva da força contra os manifestantes da praça Tahrir e de outros locais do país. Deve haver um inquérito rápido, imparcial e independente", afirmou num comunicado.
A Alta Comissária destacou também no texto a necessidade de "se garantir a responsabilização dos responsáveis por esses abusos".
"Algumas das imagens de Tahrir, incluindo o espancamento brutal de manifestantes (...), são profundamente chocantes, assim como as informações sobre manifestantes desarmados atingidos a tiro na cabeça", afirmou.