
Viatura que transportou Sarkozy à saída da prisão após 20 dias
Foto: Stephane de Sakutin/AFP
A Justiça francesa ordenou, nesta segunda-feira, a libertação imediata sob supervisão judicial do antigo presidente Nicolas Sarkozy, que estava preso há 20 dias após a condenação num caso de financiamento líbio na campanha presidencial de 2007.
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Nicolas Sarkozy saiu da prisão pouco depois da decisão judicial, numa viatura escura, perante dezenas de jornalistas que aguardavam o momento em frente ao estabelecimento prisional parisiense La Santé.
O ex-presidente foi condenado a cinco anos de prisão por ter recebido financiamento do regime líbio de Muammar Kadhafi na campanha presidencial francesa de 2007.
De acordo com a decisão judicial, Sarkozy passa a estar sob supervisão judicial, não podendo viajar para fora do país.
O anúncio da decisão acontece menos de três semanas depois de Sarkozy ter começado a cumprir uma pena de cinco anos por associação criminosa num esquema para financiar a sua campanha eleitoral de 2007 com fundos da Líbia.
Sarkozy, de 70 anos, tornou-se o primeiro ex-chefe de Estado francês pós-Segunda Guerra Mundial a ser preso, após a sua condenação a 25 de setembro. O antigo governante nega qualquer irregularidade.
Detido a 21 de outubro, enquanto aguardava o recurso da sua sentença, solicitou de imediato liberdade condicional.
Estar detido foi "difícil", "um pesadelo"
Durante a sessão do tribunal realizada esta segunda-feira, na qual participou através de videoconferência a partir da prisão, Sarkozy argumentou que sempre cumpriu todos os requisitos da Justiça. "Nunca imaginei que estaria na prisão aos 70 anos. Este calvário foi-me imposto e sobrevivi. É difícil, muito difícil", disse. Sarkozy prestou ainda homenagem aos funcionários da prisão que, segundo disse, o ajudaram a ultrapassar "este pesadelo".
A mulher de Sarkozy, a ex-modelo e cantora Carla Bruni-Sarkozy, e dois dos seus filhos estiveram presentes no tribunal de Paris.
O processo de hoje não abordou os motivos da sentença, mas Sarkozy disse ao tribunal que nunca pediu financiamento ao antigo governante da Líbia Muammar Kadhafi. "Nunca admitirei algo que não fiz", afirmou.
De acordo com a lei francesa, a libertação é a regra geral enquanto um recurso está pendente, sendo a prisão preventiva a exceção.
Os juízes vão ainda avaliar se Sarkozy representa um risco de fuga, se poderá pressionar testemunhas ou se poderá obstruir a justiça, mas o ex-chefe de Estado deverá ser libertado daqui a algumas horas.
Prevê-se que o julgamento do recurso aconteça na próxima primavera.
O ex-presidente, que governou França entre 2007 e 2012, enfrenta outros dois processos, um por financiamento ilegal da sua fracassada candidatura à reeleição em 2012, que já foi alvo de uma decisão do Supremo Tribunal de França, e outro na sequência de uma investigação em curso sobre a alegada intimidação de testemunhas no caso da Líbia.
Em 2023, foi considerado culpado de corrupção e tráfico de influências por tentar subornar um magistrado em troca de informações sobre um processo judicial em que estava envolvido.
