A Justiça espanhola rejeitou esta sexta-feira em Madrid a libertação de dois ativistas separatistas catalães que são acusados do delito de sedição no quadro da preparação do processo ilegalizado de independência da Catalunha.
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Segundo fontes da Audiência Nacional, um tribunal especial que julga os casos mais sensíveis e graves contra o Estado espanhol, foi rejeitado o recurso que pedia a libertação dos líderes das associações ANC (Assembleia Nacional Catalã) e Òmnium Cultural, que defendem a independência da Catalunha.
Jordi Sánchez e Jordi Cuixart foram presos em 16 de outubro último depois de o Ministério Público os acusar de terem incitado manifestantes a atos violentos contra agentes do Estado.
A ANC e a Òmnium Cultural são acusadas de terem sido fundamentais na operacionalização do referendo, tanto na organização prévia como no próprio dia da votação.
O ministério público acusa-os de não terem evitado, e poderem mesmo ter sido responsáveis, por atos de violência de populares contra a Polícia Nacional espanhola em 20 e 21 de setembro último.
Os manifestantes, segundo a acusação, encorajados pela ANC e Omnium Cultural, bloquearam agentes da Guardia Civil nos seus edifícios durante várias horas e causaram estragos nas suas viaturas, factos que podem levar a penas de prisão até 15 anos.
A Espanha está a viver uma das suas maiores crises políticas de sempre desde a transição democrática iniciada em 1977.
O parlamento regional da Catalunha aprovou na passada sexta-feira a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupava.
O executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou no sábado a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o governo catalão.
Na quinta-feira a Audiência Nacional decretou a prisão incondicional para oito ex-ministros regionais, que prestaram declarações nesse dia, entre eles o vice-presidente do Governo regional demitido, Oriol Junqueras.
O presidente do Governo regional destituído, Carles Puigdemont, está em Bruxelas desde segunda-feira com quatro membros do seu executivo exonerado e a justiça espanhola deverá ainda hoje emitir mandatos europeus de detenção para os obrigar a prestarem declarações na capital espanhola.
Também em Madrid na quinta-feira, o Supremo Tribunal espanhol decidiu colocar seis deputados regionais, entre eles a presidente do parlamento da Catalunha, Carme Forcadell, em vigilância policial até à próxima quinta-feira, quando voltarem a ser ouvidos pelo tribunal.