O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu esta quinta-feira que está "desiludido" com o homólogo russo porque pensava que seria mais fácil negociar com Vladimir Putin o fim da guerra na Ucrânia.
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"Ele desiludiu-me, está a matar muitas pessoas e está a perder mais pessoas do que está a matar", afirmou Donald Trump, durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, no final de uma visita oficial ao Reino Unido.
Trump salientou que "os soldados russos estão a ser mortos a um ritmo maior do que os soldados ucranianos" e que ficou desiludido com Putin porque não gosta de ver tantas pessoas a morrerem.
"Isto não afeta os Estados Unidos, a menos que se acabe numa guerra mundial por causa disso, o que é possível", acrescentou. "É uma guerra que poderia ter sido uma Terceira Guerra Mundial, mas não acho que vamos chegar a esse ponto", vincou, argumentando que Moscovo aceitará negociar se os países europeus deixarem de comprar petróleo russo e se o preço descer.
O presidente alegou que já conseguiu resolver sete conflitos, como aquele entre a Índia e o Paquistão, e confiou que pensava que alcançar a paz na Ucrânia "seria mais fácil" por causa da sua relação com o presidente Putin. "Mas ele desiludiu-me", lamentou.
Foto: NEIL HALL / EPA
Por sua vez, Starmer insistiu na necessidade de "exercer uma pressão adicional sobre Putin [porque] só quando o presidente [Trump] exerceu pressão sobre Putin é que ele realmente mostrou alguma inclinação para agir".
Segundo Starmer, "nos últimos dias, Putin mostrou a sua verdadeira face, lançando o maior ataque desde o início da invasão, com ainda mais derramamento de sangue, ainda mais inocentes mortos e violações sem precedentes do espaço aéreo da NATO".
"Estas não são as ações de alguém que deseja a paz. Por isso, discutimos hoje como podemos reforçar as nossas defesas, apoiar a Ucrânia e aumentar decisivamente a pressão sobre Putin, para que ele concorde com um acordo de paz duradouro", referiu.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já causou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado, em ofensivas com drones, alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
Moscovo tem acusado os países europeus de contribuírem para que o conflito se arraste com os apoios que dão à Ucrânia.