As autoridades ucranianas denunciaram, esta segunda-feira, existir um plano para assassinar soldados russos na Crimeia de modo a justificar uma intervenção militar de Moscovo. Rússia terá feito ultimato à Crimeia.
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De acordo com o Ministério do Interior, citado pelo jornal espanhol "El Mundo", três ou quatro soldados russos deveriam ser assassinados nesta última madrugada por desconhecidos. "Isto para legalizar a entrada de tropas russas no território do nosso Estado", sublinhou Nikolai Velikovich, vice-ministro do Interior.
Aquela que é já considerada a maior crise entre o Ocidente e a Rússia desde a queda da União Soviética, em 1991, continua a não dar sinais de abrandamento. Os serviços fronteiriços da Crimeia dizem que aumentou a pressão da parte dos militares russos para que os guardas apoiem o governo regional, pró-russo.
O Executivo local - que não é reconhecido por Kiev - garante que cerca de seis mil militares deixaram de apoiar as autoridades ucranianas. Os últimos terão sido operacionais da 204ª base aérea das Forças Armadas ucranianas, equipada com 45 caças e quatro aviões de instrução.
Segundo as agências internacionais, desde domingo já aterraram na Crimeia 10 helicópteros russos de combate e oito aviões de transporte de tropas sem que a Ucrânia tenha sido avisada, como está estipulado no tratado bilateral sobre a frota russa estacionada no Mar Negro.
Durante a tarde, a agência de notícias Interfax, citando uma fonte do Ministério de Defesa ucraniano, noticiava que o comandante da frota russa no mar Negro tinha feito um ultimato aos militares leais a Kiev. "Se até às 5 horas (3 horas em Portugal continental) de amanhã [hoje] não se renderem, empreenderemos um verdadeiro assalto sobre a Crimeia", terá dito Alexander Kitko.
Contudo, ao jornal económico "Vedomosti", o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, classificou estas informações como um "completo disparate".
O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Iatseniuk, garantiu que o país "não vai entregar a Crimeia a ninguém". "Não houve, não há, nem haverá motivos para o uso de força contra os ucranianos nem para a implantação de um contingente militar russo", sublinhou.
Afirmações desmentidas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, ontem, na reunião do Conselho dos Direitos Humanos da ONU.
"Os ultranacionalistas estão a colocar em perigo a vida e os interesses regionais dos russos e das populações falantes de russo. É por essa razão que foram criados grupos de autodefesa", explicou Serguei Lavrov.
Esta terça-feira, a NATO vai realizar a sua segunda reunião de emergência sobre a situação da Ucrânia no espaço de 48 horas, após um pedido da Polónia, por se sentir ameaçada pela possível intervenção armada da Rússia.