As famílias dos condenados à morte na Indonésia fizeram esta terça-feira, com angústia e tristeza, a última visita antes da execução dos nove presos, que decorrerá nas próximas horas, apesar da intensificação das pressões internacionais contra a pena capital.
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Oito estrangeiros - incluindo o brasileiro Rodrigo Gularte, mais dois australianos, uma filipina e quatro nigerianos - e um indonésio, todos condenados por tráfico de droga, poderão ser fuzilados entre a noite desta terça-feira e quarta-feira.
Ambulâncias transportando caixões brancos já chegaram ao complexo prisional de Nusakambangan, local onde estão os condenados à morte.
Os condenados receberam a notificação da sua execução no sábado. As execuções acontecem habitualmente pouco depois da meia-noite (18 horas em Portugal continental) e os meios de comunicação australianos publicaram fotos de cruzes mortuárias destinadas aos caixões dos condenados, com a data de quarta-feira.
A mãe de um dos australianos condenados à morte confirmou que o filho será executado às 17 horas TMG (18 horas em Portugal continental).
O francês Serge Atlaoui, de 51 anos, foi retirado desta lista de execuções, no sábado, devido a um recurso que está a decorrer na justiça indonésia.
Entretanto, o porta-voz do procurador-geral indonésio, Tony Spontana, reafirmou à agência AFP que no caso de o recurso ser rejeitado, Atlaoui será executado sozinho e as autoridades não esperarão "muito tempo".
O presidente indonésio, Joko Widodo, está a implementar uma linha dura contra os traficantes de droga no país e recusa-se a voltar atrás nas execuções.
O secretário-geral da ONU pediu, no domingo, para o Governo indonésio não executar estas nove pessoas, reiterando a tradicional oposição à pena capital.
Já o governo do Brasil prossegue os seus esforços diplomáticos para tentar evitar a execução do brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, condenado à morte por tráfico de droga, embora as autoridades indonésias já tenham confirmado que ele será fuzilado nos próximos dias.
O ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro, Mauro Vieira, disse, no sábado, ao site G1, que o Governo prossegue os contactos regulares ao mais "alto nível" com Jacarta, para tentar convencer a Indonésia a suspender a execução por razões humanitárias, uma vez que Gulart sofre de esquizofrenia.
A família deste brasileiro de 42 anos, originário do Paraná (sul do Brasil), apresentou às autoridades indonésias vários relatórios de médicos, atestando que ele é esquizofrénico.
Gularte foi preso em julho de 2004 após entrar na Indonésia com seis quilos de cocaína dentro de pranchas de surf, tendo sido condenado à morte em 2005.
O ministro dos Negócios Estrangeiros declarou ao G1 que os diplomatas brasileiros em Jacarta continuam a prestar uma assistência consular "tanto quanto é possível" para defender os interesses daquele cidadão, mas respeitando a soberania do país asiático e reconhecendo a gravidade do delito que ele cometeu.