Uma bombista e adolescentes. Quem são os palestinianos que Israel está disposto a libertar?
As armas que se ouvem violentamente a rebentar em Gaza desde o dia 7 podem calar-se durante quatro dias, caso o cessar-fogo temporário se venha a concretizar. Israel estará disposto a libertar 150 palestininanos, na sua maioria adolescentes e uma bombista, em troca de 50 reféns que o Hamas levou no ataque de outubro.
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As autoridades israelitas dizem que as forças terroristas palestinianas têm mais de 200 reféns, um quarto desse grupo pode ser libertado esta quinta-feira, a partir das 8 horas em Portugal continental, hora em que entrará em vigor o acordo mediado pelo Catar. Mulheres e crianças são a maioria dos reféns que integram esse acordo, para ambas as partes.
Metade dos reféns do Hamas são cidadãos estrangeiros ou com dupla nacionalidade, de países como os EUA, Tailândia, Reino Unido, França, Alemanha ou Espanha, enquanto Israel terá mais de oito mil palestinianos nas suas prisões, de acordo com as autoridades de Gaza.
Adolescentes dominam lista de palestinianos para troca por reféns
Israel tornou públicos os nomes de 300 detidos palestinianos suscetíveis de serem libertados: 33 mulheres, 123 adolescentes e 144 homens com cerca de 18 anos, segundo a agência francesa AFP.
O mais novo é Adam Abouda Hassan Gheit, 14 anos, de Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel.
Foi detido em maio por "sabotagem (...), agressão a um agente da polícia e lançamento de pedras".
A mais velha é uma mulher de 59 anos, Hanan Salah Abdallah Barghouti, detida em setembro por "atividades ligadas ao Hamas, incluindo transferências de dinheiro".
Dos 300 detidos, 49 são membros do Hamas, 60 do Fatah, o partido do presidente da Autoridade Palestiniana na Cisjordânia, e 17 pertencem à Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP, um movimento palestiniano de base marxista).
Não foi especificada a filiação dos restantes.
Bombista que exigiu cirurgia plástica
A pessoa mais proeminente é Israa Jaabis, 38 anos, condenada a 11 anos de prisão por ter feito explodir uma botija de gás num carro num posto de controlo em 2015, ferindo um agente da polícia.
Jaabis tinha feito um pedido às autoridades israelitas para que lhe pagassem uma cirurgia ao nariz, alegando que não conseguia respirar normalmente. O pedido foi negado, sob o argumento de que os serviços prisionais não consentem a realização de procedimentos estéticos, dando apenas seguimento a casos que se tratem da garantia da saúde e da vida dos reclusos.
Acordo saudado em Telavive
A organização israelita de direitos humanos Hamoked saudou o acordo.
"A tomada de reféns é em si mesma ilegal, é um crime de guerra, e o Hamas deve libertar todos os reféns incondicionalmente", afirmou a diretora executiva da Hamoked, Jessica Montell, num comunicado.
Montell considerou "apropriado que Israel liberte os detidos para atingir este objetivo".
Referiu que a maior parte dos 300 prisioneiros palestinianos são "detidos que aguardam julgamento, com acusações que vão desde o lançamento de pedras até à tentativa de homicídio".
O grupo inclui mulheres e adolescentes detidos sem acusação ou julgamento, em regime de detenção administrativa, ou seja, sem que as autoridades israelitas tenham apresentado qualquer acusação contra a pessoa detida.
"A libertação destas pessoas deveria ter sido incondicional, pelo que um acordo para a libertação dos reféns israelitas e dos detidos administrativos palestinianos é duplamente bem-vindo", acrescentou.
O Hamas fez cerca de 240 reféns quando atacou o sul de Israel, em 07 de outubro, com um saldo de 1.200 mortos, segundo as autoridades israelitas.
Em reação ao ataque terrorista, Israel declarou guerra ao Hamas e lançou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza, que o grupo islamita disse que já provocou mais de 14.100 mortos.