"Vadias estúpidas". Brigitte Macron insulta feministas que interromperam espetáculo de humorista

Insulto foi apanhado pelo meio de comunicação local "Public"
Foto: X
Feministas manifestaram indignação, na segunda-feira, após a circulação de um vídeo em que a primeira-dama francesa, Brigitte Macron, usa um termo pejorativo contra os ativistas que interromperam o espetáculo de um ator e comediante que já tinha sido acusado de violação.
No sábado, os ativistas interromperam o espetáculo de stand-up de Ary Abittan, de 51 anos, a usar máscaras do ator com a palavra "violador" estampada e a gritar "Abittan violador".
Uma mulher acusou o ator de violação em 2021, mas em 2023 os investigadores arquivaram o caso por falta de provas.
No domingo, Brigitte Macron assistiu ao concerto com a filha, Tiphaine Auzière, e conversou com Abittan antes de este subir ao palco, segundo um vídeo divulgado pelo meio de comunicação local "Public" na segunda-feira. "Estou com medo", diz Abittan no vídeo. "Se houver alguma vadia estúpida por aí, vamos expulsá-las", respondeu Brigitte Macron em tom de brincadeira, usando uma expressão vulgar em francês.
INSOLITE - Face au scandale provoqué par cette vidéo où Brigitte Macron soutient vulgairement Ary Abittan, le tabloïd Public a décidé de la retirer de ses contenus pour ménager l"image de Brigitte.
- Gabriel de Varenne (@G_deVarenne) December 8, 2025
Il convient donc de la relayer un maximum. pic.twitter.com/kSBi2BoeAZ
Uma ativista que participou na ação, e que usou o pseudónimo de Gwen para evitar represálias, disse que o coletivo ficou "profundamente chocada e escandalizada" com a linguagem de Brigitte Macron. "É mais um insulto às vítimas e aos grupos feministas", afirmou.
O grupo feminista responsável pela ação de sábado, #NousToutes (literalmente "Todas nós"), transformou o insulto numa hashtag nas redes sociais, amplamente partilhada em demonstração de apoio. Entre as utilizadoras estava a atriz Judith Godrèche, que se tornou um ícone feminista depois de acusar dois realizadores de abusos sexuais quando era menor de idade e exigir o fim deste tipo de comportamentos no setor cultural francês. "Eu também sou uma vadia estúpida", publicou no Instagram.
A equipa da primeira-dama argumentou que as suas palavras deveriam ser vistas como "uma crítica ao método radical empregue por aqueles que interromperam o espetáculo". "Brigitte Macron não aprova este método radical", disse um membro da sua equipa à AFP.
A França tem sido abalada por uma série de acusações de violação e agressão sexual contra figuras culturais de renome nos últimos anos. O ícone do cinema Gérard Depardieu foi condenado em maio por agredir sexualmente duas mulheres num set de filmagens em 2021 e será julgado por violação de uma atriz em 2018. Nega qualquer irregularidade. O presidente francês Emmanuel Macron, em 2023, manifestou admiração por Depardieu e afirmou, na altura, que o ator era alvo de uma "caça ao homem" e que defendia a presunção de inocência.
