Uma viatura da ONU, que fazia parte de uma caravana humanitária coordenada com as autoridades de Israel, foi atingida na terça-feira por disparos israelitas em Gaza, sem causar vítimas, divulgou um porta-voz da organização.
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"Ontem [terça-feira] à noite, um veículo humanitário da ONU claramente identificado, parte de uma caravana totalmente coordenada [com as Forças Armadas israelitas] foi atingido 10 vezes por fogo israelita", frisou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Dujarric adiantou ainda que dois dos ocupantes foram apenas salvos pela blindagem da viatura, pertencente ao Programa Alimentar Mundial (PAM).
Este acontecimento "é o mais recente que evidencia que os sistemas de coordenação em vigor não estão a funcionar", vincou o porta-voz.
"Continuamos a trabalhar [com as Forças Armadas de Israel] para garantir que tais incidentes não se repitam", garantiu.
O porta-voz do secretário-geral da ONU recusou fazer qualquer avaliação quando questionado sobre a intencionalidade ou não dos disparos, insistindo que "a movimentação desta caravana foi coordenada com as autoridades israelitas".
"Quer a informação não tenha sido transmitida, quer tenha sido deliberada ou tenha havido outro motivo, estas são explicações que gostaríamos de obter", acrescentou.
Na sequência do sucedido, o PAM anunciou a suspensão da circulação do seu pessoal na Faixa de Gaza "até novo aviso".
Esta não é a primeira vez que uma caravana da ONU é atingida por fogo israelita desde o início do conflito em Gaza.
Em maio, um funcionário da ONU de nacionalidade indiana foi morto quando o seu veículo foi atingido.
A guerra em curso na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento radical palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Seguiu-se uma incursão israelita no enclave palestiniano com a justificação de resgatar os reféns e derrotar o Hamas, ofensiva que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
Quase um ano depois, Israel enfrenta acusações de genocídio e críticas, nomeadamente sobre a desproporcionalidade das intervenções militares em Gaza.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos da América, um reconhecido aliado de Israel e um dos mediadores internacionais das conversações para uma potencial trégua, chegaram a anunciar uma aproximação dos dois lados para um cessar-fogo, mas o Hamas e Telavive continuam a recuar, trocando acusações sobre exigências e obstáculos impostos durante o processo negocial.