As cerimónias dos 80 anos do desembarque das tropas aliadas já começaram na Normandia, França, com a presença de muitos chefes de estado e veteranos da II Guerra Mundial. Mas o Dia D vai ficar marcado pela morte de dois antigos combatentes.
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O dia que devia ser só de festa ficou ensombrado pela morte de dois veteranos. Um norte-americano de 102 anos, que já estava a caminho de França, sentiu-se mal a bordo do navio que o levava para a Normandia e teve de ser transportado de avião para um hospital da Alemanha, onde pacificamente se despediu deste mundo. Outro veterano, com 100 anos, não chegou a partir do Canadá, pois morreu na véspera da viagem.
O caso é relatado pelo jornal “The New York Times”. Robert Persichitti tinha no historial de memórias de guerra o hastear da bandeira norte-americana na ilha japonesa de Iwo Jima. Muitos outros momentos poderia recordar nas celebrações do desembarque das tropas aliadas na Normandia a 6 de junho de 1944, como fez em ocasiões anteriores, não fosse o facto de já ter muita idade.
O nova-iorquino estava na lista dos veteranos que viajavam para França para as celebrações dos 80 anos do Dia D, num grupo organizado pelo Museu Nacional da II Guerra Mundial. Apesar dos seus 102 anos e de ter problemas cardíacos, Robert Persichitti terá sido encorajado pelo seu médico a fazer a viagem, como relata o jornal “The New York Times”.
O próprio terá dito, numa entrevista que deu na véspera da viagem, que estava “muito entusiasmado por ir” à cerimónia. Por isso mesmo, Richard Stewart, presidente da associação de veteranos a que Persichitti pertencia, referiu que a sua morte não era esperada. “Ele morreu pacificamente e não morreu sozinho”. O jornal acrescenta que, à distância de um telefonema, o médico deu-lhe a ouvir Frank Sinatra, o seu cantor favorito, nos momentos finais.
Na guerra, Robert esteve em Iwo Jima, Okinawa e Guam. Operador de rádio a bordo do USS Eldorado no Pacífico, durante 15 meses, foi no convés desse navio que testemunhou o hastear da bandeira dos EUA no topo do Monte Suribachi, na ilha vulcânica de Iwo Jima, a 23 de fevereiro de 1945. Haveria de lá voltar em 2019.
O jornal “The Guardian” conta a história de William Cameron, um veterano natural de Manitoba, no Canadá, que morreu um dia antes de viajar para França. Tinha 100 anos.
Artilheiro numa corveta que escoltou as lanchas americanas durante o desembarque na Normandia, William tinha-se alistado na marinha em 1943. Num vídeo em que recorda o seu desempenho, contou que a praia onde combateu – a que tinha o nome de código Omaha – foi a mais difícil de conquistar.
“Estávamos todos muito assustados. Não há dúvidas nenhumas, especialmente quando o avião inimigo vinha direito a nós”, disse William Cameron. Alguns membros da tripulação da corveta ficaram feridos, mas nenhum deles morreu na batalha da Normandia. Outros compatriotas não tiveram a mesma sorte: só no Dia D, perderam a vida 381 militares do Canadá.