Investigador Alex Vines, do Real Instituto para os Assuntos Internacionais britânico (Chatham House), sublinha a importância da visita da secretária de Estado norte-americana a Angola.
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"Vemos [no itinerário da viagem de Clinton, iniciada na quarta-feira] o mapeamento de países-chave com os quais a administração Obama quer manter relações. África do Sul, Nigéria e Quénia são países-âncora, mas Angola é cada vez mais importante para os EUA", disse à Lusa o investigador britânico, director de pesquisa regional e de segurança e do Programa África da Chatham House.
Angola será o terceiro país visitado pela secretária de Estado norte-americana, no seu primeiro périplo em África, que termina noutro país lusófono, Cabo Verde, a 14 de Agosto.
A visita segue-se a uma primeira visita do presidente Barack Obama ao Gana, considerado uma democracia exemplar do continente.
Para Alex Vines, a inclusão de Angola no roteiro mostra "o reconhecimento completo da importância de Angola pela administração Obama", já patente na recente reconfiguração da comissão consultiva bilateral, que funcionou na era Clinton, mas esteve "adormecida" durante os anos Bush.
"Os países que escolheu são sinais diplomáticos (...) A administração [Obama] reconhece Angola como superpotência regional emergente", explicou o investigador.
A importância angolana, assinalou, relaciona-se com o seu poder económico, mas também com a influência em processos de paz difíceis, como o da vizinha República Democrática do Congo.
“Contra-ataque” à China?
Investigadores norte-americanos, como Derek Scissors, da Heritage Foundation, vêem nesta visita uma "resposta" à influência chinesa na região, mas o secretário de Estado Adjunto para os Assuntos Africanos, Johnnie Carson, já disse que esta leitura é "do tempo da Guerra Fria".
"Não creio que seja um contra-ataque [à China]. A questão é mais abrangente. A comissão consultiva [EUA-Angola] já existe" e o relacionamento entre os dois países é antigo e intenso, defendeu, por seu lado, o investigador da Chatham House.
A maior proximidade, admitiu, também está relacionada com a recente abertura do Fundo Monetário Internacional a apoiar Angola, a braços com uma quebra de receitas petrolíferas que pode conduzir o país a uma recessão este ano.