A alemã Ursula Von der Leyen é a grande favorita à sua própria sucessão na presidência da Comissão Europeia, mas a reeleição está longe de adquirida e vários nomes aparecem como alternativas, como o italiano Mario Draghi.
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A poucos dias do início das eleições europeias, que decorrem nos 27 Estados-membros da União Europeia (UE) entre 6 e 9 de junho, Von der Leyen, a "candidata principal" (ou "spitzenkandidat") do Partido Popular Europeu (PPE), continua a ser a grande favorita à nomeação, pelo Conselho, para a presidência da Comissão,
Todas as sondagens apontam para uma nova vitória da família de centro-direita, que terá assim direito ao cargo mais relevante do futuro quadro institucional do bloco.
No entanto, para ser reconduzida, a dirigente alemã necessita de ser eleita pela maioria (simples) dos 720 eurodeputados que forem eleitos para o novo Parlamento Europeu - ou seja, metade dos votos expressos mais um, o que significa 361 votos -, e, numa assembleia que se antecipa mais fragmentada do que nunca, com forte representação de forças da direita radical, essa maioria será difícil de conquistar.
Nas anteriores eleições, em 2019, ironicamente Von der Leyen beneficiou da falta de entendimento entre as maiores famílias políticas europeias - designadamente PPE, Socialistas e Liberais - em torno do "spitzenkandidat" dos conservadores, o seu compatriota Manfred Weber.
Para surpresa geral, foi o nome designado pelo Conselho Europeu (composto pelos chefes de Estado ou de Governo dos 27), que, em reuniões à porta fechada, decidiu deixar 'cair' o sistema dos «candidatos principais» (que não é vinculativo) e eleger alguém de fora.
No entanto, na votação no Parlamento Europeu, a antiga ministra da Defesa alemã, mesmo com o apoio das três maiores bancadas da assembleia, apenas garantiu a eleição para a presidência do executivo comunitário por uma curta margem de nove votos entre 733 expressos, ao receber 383 votos a favor, 327 contra, 22 abstenções e um voto nulo.
Este ano, a missão de Von der Leyen para garantir a maioria necessária afigura-se ainda mais difícil, sobretudo, porque a aparente abertura da dirigente alemã para vir a cooperar com o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ERC), conotado com a direita radical e liderado pela primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, poderá custar-lhe o apoio de muitos deputados.
E é neste quadro que surgem outros nomes como potenciais candidatos oficiosos à presidência do executivo comunitário, o mais falado dos quais o de Mario Draghi, antigo primeiro-ministro italiano e antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE).
De acordo com diversas fontes europeias, Draghi, que não tem afiliação política, é uma 'aposta' do Presidente francês, Emmanuel Macron, para um dos cargos de topo da UE, seja presidente da Comissão ou do Conselho, mas de preferência para a liderança do executivo comunitário.
Aos 76 anos, o economista italiano, frequentemente descrito como um tecnocrata, é uma figura muito respeitada em Bruxelas, sobretudo pelo crédito conquistado durante a crise financeira no início da década de 2010 e a sua promessa de que o BCE faria "o que for preciso" para proteger o euro, mas dificilmente o PPE prescindirá da presidência da Comissão Europeia.
Entre figuras pertencentes ao PPE que poderiam ser uma alternativa a Von der Leyen, um nome já várias vezes abordado é o de outra mulher: a maltesa Roberta Metsola, atual presidente do Parlamento Europeu.
Durante o seu mandato à frente da assembleia, Metsola, 45 anos, conquistou algum prestígio em política externa -- foi a primeira líder a visitar Kiev depois do início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022 -, mas contra si tem o facto de ser oriunda do mais pequeno Estado-membro da UE, não ter experiência governativa e as suas posições conservadoras em matérias como o aborto retiraram-lhe também muitos apoios.
Entre outros dirigentes políticos apontados nesta altura como eventuais alternativas aos 'spitzenkandidaten' para a presidência da Comissão contam-se os nomes do Presidente romeno, Klaus Iohannis, do primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, do primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis, da atual diretora do FMI e antiga comissária búlgara Kristalina Georgieva, todos eles do PPE, assim como do atual comissário francês, Thierry Breton, conservador (embora não membro do PPE).
Contudo, na eventualidade de, tal como em 2019, a escolha para a presidência da Comissão recair num nome de fora dos «candidatos principais», também poderá suceder o mesmo que há cinco anos, e o Conselho surpreender com um nome até então nunca equacionado publicamente, como foi o caso da própria Ursula von der Leyen.
De acordo com os Tratados da UE, na eventualidade de o nome proposto pelo Conselho para presidente da Comissão não alcançar a maioria necessária no Parlamento Europeu - algo que nunca sucedeu até hoje -, os chefes de Estado e de Governo dos 27 têm o prazo de um mês para apresentar novo candidato.
Com a sessão constitutiva da nova assembleia agendada para 16 a 19 de julho, a eleição do presidente da Comissão Europeia deverá ocorrer na primeira sessão plenária do Parlamento Europeu após as férias de verão, entre 16 e 19 de setembro.