António Freitas, um xerife luso-americano de Bristol, Estados Unidos da América, foi detido esta segunda-feira por contrabando de dinheiro, na mesma investigação em que um português foi detido por venda ilegal de espécies protegidas de peixe.
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O luso-americano é acusado de ajudar o empresário açoriano Carlos Rafael, que aguarda julgamento em liberdade depois de ser detido e pagar uma caução de 1 milhão de dólares (878 mil euros) em fevereiro, a contrabandear dinheiro e levá-lo para fora dos EUA.
Segundo a acusação, o xerife usou o acesso que tinha a áreas restritas do aeroporto de Boston, devido à sua autoridade como oficial do Departamento de Segurança Interna, para passar 17.500 dólares (15.400 euros) no aeroporto, dinheiro que depositaria depois numa conta portuguesa pertencente a Rafael.
A acusação de Rafael foi também conhecida hoje e conta com uma acusação de conspiração para falsificar relatórios prestados ao governo federal, 25 casos de relatórios falsificados e um caso de contrabando de dinheiro.
António Freitas enfrenta uma pena de até cinco anos, com multa de até 250 mil dólares (220 mil euros).
António Freitas enfrenta uma pena de até cinco anos, com multa de até 250 mil dólares (220 mil euros). Carlos Rafael é acusado de crimes que podem receber pena até 20 anos e arrisca várias multas com limite de 250 mil dólares.
De acordo com a acusação, consultada pela Lusa, o imigrante açoriano mentiu durante anos às autoridades sobre as quantidades e espécies de peixe capturadas pela sua frota para contornar quotas de pesca sustentável. Rafael venderia depois o peixe por "sacos de dinheiro" a um vendedor por atacado de Nova Iorque.
O imigrante da ilha do Corvo é dono de uma das maiores operações de pesca comercial do noroeste americano, Carlos Seafood Inc., sendo apelidado de "Codfather", um trocadilho com o filme "Padrinho" e a palavra em inglês para bacalhau.
Ainda segundo a acusação, o empresário usava compartimentos falsos para transportar o peixe e usava rótulos errados para evitar as quotas. O mesmo canal garante que a investigação ainda decorre e mais detenções podem acontecer.
o empresário usava compartimentos falsos para transportar o peixe e usava rótulos errados para evitar as quotas.
A investigação, que envolveu o fisco dos EUA, os serviços de investigação da Guarda Costeira e a Organização Nacional dos Oceanos e Atmosfera, começou depois de Rafael colocar o negócio a venda em 2015.
Quando dois agentes à paisana se fizeram passar por potenciais compradores, o português confessou a sua operação "fora dos cadernos".
Em janeiro deste ano, Rafael e a contabilista explicaram o passo-a-passo da operação, a que se referiam como "a dança", durante uma reunião com os falsos compradores.
No encontro, Carlos Rafael afirmou que tinha ganhado 668 mil dólares (cerca de 614 mil euros). Os investigadores acreditam que parte do dinheiro foi desviado para Portugal através do aeroporto de Boston.